No navio, Xena se despede de Gabrielle, dizendo que sempre estará a seu lado...
Gabrielle fica olhando para o mar, quando ouve um barulho vindo do interior do navio.
- Quem está aí? – pergunta, levando a mão ao chakran.
O homem sai por detrás das lonas, causando surpresa e alegria em Gabrielle.
- Virgil! Que bom ver você! – diz emocionada e vai ao encontro do amigo, abraçando-o.
- Onde está a Xena? – perguntou ele.
- Está morta... e desta vez, acho que ela se foi pra sempre.
- Eu sinto muito.... mas como foi isso?
- Você acredita que ela me trocou por quarenta mil almas? – diz Gabrielle, com ódio nos olhos.
Passados alguns dias, ambos chegam a costa. Eles se despedem. Virgil diz que precisa rever a mãe e os irmãos, enquanto Gabrielle segue viagem para Amphipolis, para visitar os túmulos da mãe e do irmão de Xena, e também colocar as cinzas da guerreira junto a eles.
Chegando ao mausoléu, Gabrielle encontra Eva rezando sobre os túmulos.
- Eva, o que faz aqui?
- Imaginei que você viesse para cá. Sei o que houve com minha mãe.
- Eu trouxe as cinzas dela. – disse Gabrielle.
Eva pega o pote com as cinzas e faz uma oração. Gabrielle se emociona e juntas elas colocam o pote encima do túmulo de Lyceus.
- Não sei como vou viver nem o que fazer a partir de agora, Eva. – queixou-se Gabrielle.
- Por que não me acompanha? Podemos espalhar as palavras de Eli pelo mundo. – sugeriu Eva.
- Preciso de um tempo... acho que vou rever a minha família. Minha irmã está velha e precisa de mim.
- Lyla está bem. Sarah está cuidando muito bem dela. Não faz muito tempo que passei por lá.
- Vou andar por aí, passar pelos lugares onde vivi grandes momentos com Xena, relembrar as coisas boas e esquecer as ruins.
- Faça o que seu coração pede, mamãe Gabrielle! – disse Eva, pondo a mão em seu coração. – Não pense que esqueci o quanto você também foi uma mãe para mim.
As duas se abraçam e se despedem.
Na saída da cidade, Gabrielle encontra Argo II, o filho de Argo. Ela monta no cavalo e segue viagem.
Eva fica olhando ao longe e ergue suas mãos em oração, dizendo:
- Que seja feita a vontade do Deus único!
Em seus pensamentos, Gabrielle sentia o vento batendo em seu rosto, e dizia:
- Passamos por tantas coisas juntas, Xena. Não vou conseguir viver sem você.
Ela desse do cavalo e começa a chamar por Ares.
- Ares! Apareça! Ares! – ela grita.
- Gabrielle... – responde ele, surgindo atrás dela. – Resolveu se juntar a mim agora que Xena se foi?
- Não, resolvi me juntar a ela. – responde Gabrielle, que continua – Onde fica aquela caverna de gelo onde você nos colocou quando achou que estávamos mortas?
- Pra que quer saber? – pergunta o deus da guerra.
- Me congele, Ares! Ou me mate, tanto faz.
- No final, Xena abandonou você. Não te amava tanto quanto imaginei.
- Ela fez o que eu teria feito, Ares.
- Teria mesmo? – questionou ele. – Trocaria o amor de Xena por um bando de almas? Ela foi egoísta, nem pensou em você. Não se iluda, Gabrielle! Você aprendeu tudo o que Xena sabia, até a usar o chakran e os pontos de pressão. Por que não me segue? Podemos fazer grandes coisas juntos. Seja minha nova guerreira, Gabrielle. Dê um motivo para que Xena se orgulhe de você.
- Ela jamais permitiria isso! – respondeu Gabrielle, furiosa.
- Mas permitiu que você ficasse sozinha, não é mesmo? – provocou Ares.
- Olha, Ares, se não quer me ajudar, eu encontrarei a caverna de gelo sozinha.
- Você quer o que? Ser congelada e acordar daqui há mais não sei quantos anos? Acha que terá esquecido Xena?
- Quero correr o risco! Pelo menos congelada, sofro menos. Você não entende que uma parte de mim se foi?
- Entendo que você é uma fraca! Quer fugir da dor. Não vejo melhor forma para isso do que lutando ao meu lado.
- Ares, me deixe em paz! Nem sei por que chamei você! Vá embora! – gritou Gabrielle.
- Se mudar de idéia, é só me chamar. – disse o deus da guerra, desaparecendo.
Gabrielle monta em seu cavalo e sai em disparada, procurando pela tal caverna de gelo.
Ainda em Amphipolis, Eva olha o pote com as cinzas de sua mãe e diz:
- Ninguém deve pagar pelos erros dos outros. Você precisa voltar, mamãe. Ainda não era sua hora, aquilo foi uma armadilha do mal.
Ela pega o pote, abre e espalha as cinzas de Xena no chão. Eva se ajoelha e começa a rezar:
- Em nome de Eli, de todos os espíritos de luz, eu peço: volte mamãe! Volte mamãe!
Eva repetia esta frase cada vez com mais entusiasmo e veemência quando uma luz lhe surgiu. Era Eli. O espírito de Eli se aproximou de Eva e pegou em suas mãos. Uma forte luz e energia os envolveram, as cinzas no chão começaram a se espalhar em forma de redemoinho, deixando-os no centro. De olhos fechados, eles apenas sentiam o vento provocado pelo redemoinho e as cinzas que lhes batia no rosto.
Eles se afastaram, ficando de mãos dadas e braços esticados, como que formando um círculo. As cinzas se acumularam neste meio e continuavam a rodar. Agora, eram eles que envolviam o redemoinho, que começou a tomar forma.
Eli havia sumido quando uma voz surgiu do centro do círculo:
- Eva?
A garota abriu os olhos e exclamou feliz:
- Mamãe!
As duas se abraçaram. Xena diz:
- Você me trouxe de volta?
- Sim, mamãe! Você já mostrou o quanto é capaz de fazer por amor aos outros, condenando sua própria alma. Isso não é justo. Eli e eu a trouxemos de volta.
- E cadê a Gabrielle?
- Ela se foi... não sei ao certo. Ela disse que iria visitar os lugares por onde vocês passaram.
- Preciso encontrá-la! Não estou com um bom pressentimento.
- Nem eu. – disse Eva.
Xena e Eva partiram de Amphipolis. Encontraram dois cavalos e seguiram viagem.
- Vamos à Potédia! Ela deve ter ido pra lá. – disse Xena.
Passados alguns dias, elas chegam em Potédia. Lyla as recebe, mesmo sem entender o que está havendo.
- Xena, você retornou dos mortos outra vez? Virgil esteve aqui e nos contou o que houve.
- Eli me trouxe de volta, mais uma vez. E Gabrielle?
- Não sei da Gabrielle. Imaginei que ela viesse pra cá, mas até agora nada. Tenho uma novidade pra você. Venha!
Lyla leva Xena e Eva ata a casa de sua filha Sarah. Lá, elas encontram Virgil.
- Xena! – exclama Virgil. – Mas que maravilha!
- O que você faz aqui com Sarah?
- Bem, eu vim avisar Lyla do ocorrido e Sarah e eu nos apaixonamos. Vamos nos casar.
- Parabéns! – exclamou Eva, abraçando os noivos.
- Preciso achar Gabrielle. – diz Xena, impaciente.
- Quando a vi, ela parecia sem rumo, Xena. – disse Virgil.
- Eva, fique aqui com Lyla. Eu vou atrás de Gabrielle. – disse Xena, se dirigindo ao cavalo.
Xena corre velozmente em seu cavalo por dias. Passa por dentro de matas e rios.
Enquanto isso, Gabrielle finalmente encontra a caverna de gelo, mas vê que em seu cume, existe uma abertura. Foi por esta abertura, que o sol entrou e descongelou as duas da outra vez.
Ela não hesita e procura algo que possa cobrir a tal abertura.
Gabrielle entra na caverna e vê os caixões de gelo quebrados. Então, ela pega pedaços das tampas que haviam sido quebradas e tenta subir, pelo lado de fora, ao topo da caverna para assim cobrir a abertura. Depois de muito esforço, ela consegue finalmente.
Ela entra novamente na caverna e molda, com o chakran, uma nova tampa, usando o que antes havia sido seu próprio caixão de gelo. Gabrielle entra no caixão que foi de Xena e pega a tampa para colocá-la por cima.
- Não!
Gabrielle levanta assustada, quando vê Afrodite.
- Não posso perder a única amiga que já tive. - diz a deusa do amor, com o semblante triste.
- Não tente me impedir, Afrodite! – esbraveja Gabrielle.
- Onde está o amor que tem por si mesma, Gabrielle?
- Todo meu amor pertencia a apenas uma pessoa. Não tenho mais porque viver. Perdi metade de mim, entende?
- Entendo... sou a deusa do amor. Sei como é isso. – desanima-se Afrodite. – Mas Xena não iria gostar nada nada se soubesse o que está fazendo.
- Não iria gostar? Por acaso ela me perguntou se eu gostei da idéia de ela ter se matado por causa de gente que ela nem conhecia?
- Você não é mais a Gabrielle que um dia conheci. Onde está seu amor, minha amiga?
- Ele se foi, junto com Xena. – dizendo isso, ela deita novamente no caixão e cobre o mesmo.
Afrodite fica olhando, desolada, sem saber se interfere ou não na decisão da amiga. Ela ouve uma voz vinda do lado de fora da caverna.
- Gabrielle! Gabrielle!
- É a Xena. – sussurra a deusa do amor, correndo para fora da caverna.
- Aqui, Xena! Gabrielle está aqui. – acena Afrodite, atraindo a atenção da guerreira, que salta do cavalo e vai correndo para dentro da caverna.
- Há quanto tempo ela está aqui, Afrodite? – perguntou Xena.
- Algumas horas. Não sei se ainda tem vida.
- Como pôde deixá-la fazer isso? – indagou Xena, enquanto pegava sua espada.
- Eu não queria, mas não poderia interferir na decisão dela.
Xena dá golpes com a espada na tampa de gelo. Após vários golpes, esta começa a rachar e se rompe. Xena tira Gabrielle de dentro do caixão e a leva para fora da caverna.
- Gabrielle, eu estou aqui! Gabrielle! – diz Xena, que corre e pega uma manta que estava na sela do cavalo, cobrindo-a, para esquentar seu corpo.
- Acho que ela se foi, Xena.- diz Afrodite.
- Gabrielle! Eu voltei e agora você se vai? Não é justo!
Xena se ajoelha e segura Gabrielle. Abraçando-a forte, para esquentar seu corpo gelado.
- Gabrielle! Gabrielle! – ela grita. – Eli, por que me fez voltar? Qual o sentido disso tudo?
Gabrielle parece sem vida, mas dá um leve suspiro. Abre seus olhos e vê Xena.
- Xena... eu morri e me encontrei com você... deu certo a minha idéia. – ela sorri.
- Não, Gaby! Eu que voltei e quase que perdi você! – explica Xena.
Gabrielle, ainda fraca e com frio, consegue se sentar e pergunta:
- Como? Como você voltou?
- Foi a Eva e o Eli. Eles me trouxeram de volta. Disseram não ser justo eu ter que pagar pelos outros e ainda que eu já dei a prova de amor que aquelas almas precisavam, ao me sacrificar por elas. E agora eu encontro você aqui, sem nenhum amor. O amor que você me fez ver, viver, o amor que me trouxe até você.
- Desculpe, Xena, eu estava cega pela dor.
- E estava mesmo, nem quis me ouvir! Justo eu, que sou a deusa do amor, não consegui convencê-la a desistir. – indignou-se Afrodite.
- Mas eu estava procurando pelo meu amor, e fui guiada por ele, ou seja, por você, Afrodite. Obrigado! – concluiu Xena.
- De nada. Mais um trabalho para acrescentar ao meu curriculum. – se envaidece Afrodite, despedindo-se das duas.
- Gabrielle, nunca mais faça isso! – ordenou Xena.
- E você, nunca mais faça aquilo, ouviu? – retrucou Gabrielle.
- Vamos sair daqui. Ainda temos muito o que fazer.
Montadas em Argo II , Xena e Gabrielle seguem rumo a Potédia.
No caminho, encontram soldados levando escravos.
- Pronta pra começar tudo de novo? – pergunta Xena.
- É... vamos lá!
Elas descem do cavalo e partem pra cima dos soldados, mas isso fica para o próximo episódio.
FIM (?)
por Math Pitbull