Este conto é baseado
nos episódios da série, mas é fantasioso,
não quer dizer que
elas agiram da forma relatada.
Na minha opinião Xena e Gabrielle se apaixonaram a primeira vista, mas não tiveram a coragem de se declarar tão cedo.
por XenaB.
Episódio 1 - temporada 1
- E como você sabia que ele
era o amor da sua vida?
Xena olhava para o por do sol
alaranjado, na verdade tentava não responder muito sobre seu passado para a
nova companhia de viagem.
Desceu de Argo e agora andava
junto dela. Gabrielle ainda estava vestindo as roupas simples que saíra de
Potedia.
- Está com fome? Este lugar é
seguro o bastante para acamparmos. Aliás, há um rio atrás deste vale.
Gabrielle franziu a testa,
sabia que a guerreira era durona e não responderia mais nenhuma pergunta sobre
seu passado.
Parou na frente de Xena,
sorriu franzindo o nariz e disse:
- Tudo bem não querer falar
do seu passado. Teremos muito tempo ainda para nos conhecermos melhor.
Assim que disse essa frase
virou-se de costas para a guerreira, pegou as mantas e as estendeu no chão.
Xena sorrira, não entendia
porque havia permitido que uma camponesa a acompanhasse. Talvez quisesse
consertar os erros do passado sendo boa e gentil com ela.
Gabrielle vasculhou a
clareira, tirou as botas e desabotoou a blusa. Olhou para trás e vira Xena
ainda olhando para o céu. Tirou a blusa, ficando somente de saia e uma pequena
blusa que lhe cobriam os seios.
Xena tentara não olhar para a
jovem. Mesmo com o corpo em desenvolvimento era muito bonita.
- Vou entrar no lago, você
vem? Xena?
Os olhos azuis ficaram ainda
mais claros ao ver Gabrielle semi nua. Desviou o olhar e acenou com a cabeça
que já a acompanharia.
- Pelos deuses... como é
maravilhosa essa sensação de liberdade...
Gabrielle entrara com os
panos íntimos e tirando-os somente dentro do lago para poder lavá-los.
- Maravilhosa...
Xena fecha os olhos e os
aperta com tanta força que por segundos fica zonza.
- Estou esperando ainda
princesa guerreira.
Gabrielle nadava de um lado
para o outro, balançava os braços na água morna, estava se divertindo como uma
jovem de sua idade fazia.
Xena foi para detrás de uma árvore,
nunca tivera vergonha de se despir, mas agora sentia que algo estava diferente.
Colocou parte da cabeça para
fora para poder observar a Gabrielle no lago.
- O que estou fazendo?
Mais uma vez afastara os
pensamentos para longe.
- Isso é proteção, carinho de
mãe...
Entrou também com o vestido
branco que usava por debaixo da armadura, tirou-o somente dentro do lago e
começou a lavá-lo também.
- Obrigada por tudo Xena.
Xena acabara de lavar os
longos cabelos, sua franja estava totalmente para trás. Passou a mão no rosto e
olhou para o lado direito, onde Gabrielle estava com o pano que lhe servia para
cobrir os seios na mão.
- Obrigada porque Gabrielle?
Gabrielle bate o pano na água,
tentando tirar uma mancha que havia nele, fazendo com que espirrasse pingos no
rosto da guerreira. Sorri sem graça.
- Por ter salvado minha
aldeia e ter feito a coisa certa com a sua.
Xena levantou uma sobrancelha
e franziu a boca, dando-lhe o ar de imponente.
- Fiz o que deveria ser
feito.
Gabrielle largou os panos
numa rocha ao lado delas. Mergulhou e quando voltou estava também com os
cabelos para trás, dando-lhe um ar mais velho, mais sensual.
- O que é certo pra você
agora não era antes...
Xena abaixou o olhar. Ela
estava certa. Não sabia como a onda de ódio lhe custara tantos anos e tantas
vidas perdidas.
Ao perceber a tristeza da
guerreira Gabrielle se aproximou dela, colocou a mão direita no ombro de Xena e
com a outra mão levantou o queixo, fazendo com que Xena enxergasse os belos
olhos verdes da jovem camponesa.
- Sei que não deve ter sido
fácil pra você, mas agora é passado Xena. Você não está mais sozinha. Não vou
permitir que faça mal, nem para outros, nem para si mesma.
Gabrielle sorriu novamente,
se afastou de Xena e seguiu nadando até a beira do lago, deixando a guerreira
sozinha para poder organizar seus pensamentos.
- Porque ela quis me seguir?
Não sou uma pessoa boa...
Xena vê Gabrielle de costas,
nadando até ficar de pé, nua chegando a superfície. Mergulha novamente.
- Há quanto tempo estou
sozinha? Quantos meses se passaram sem eu ter alguém para me satisfazer?
Os pensamentos foram a
acompanhando até o fundo do lago. Por lá ficou até sentir que a jovem já
estaria longe dela e vestida se possível.
Xena a observara de longe,
estava com um pano de banho, enxurgando-se perto da fogueira. Amarra o pano no
tórax e segue até Argo. Tira da bolsa de viagem uma maça, morde um pedaço e
entrega o resto para a égua que relincha como se reclamasse.
- Desculpe, mas também estou
com fome.
Xena sorrira levemente, ela
tratava Argo como se fosse um ser humano, o que era algo incomum e engraçado.
O semblante de Gabrielle
muda, começa a andar de um lado ao outro, entre as mantas e perto da bolsa de
viagem.
Ao perceber a inquietação da
jovem, Xena sai do lago e anda em direção a rocha que está seu pano de banho
para se enxugar.
- O que é?
- É...que... estou com muita
vergonha...
Xena torce o cabelo, tirando
todo excesso de água, olha para ela com seriedade e espera a jovem completar a
frase.
- Desculpe Xena, sou de
família muito simples... Eu... não tenho outra roupa senão aquele que sai de
casa.
- E aquela sua bolsa de
viagem?
Gabrielle abaixa a cabeça,
sente uma lágrima cair e responde baixo.
- Trouxe apenas comida... Fiquei
com medo de você me abandonar pelo caminho e resolvi me precaver para não
passar fome...
O coração de Xena aperta
diante da resposta de Gabrielle. Não sabia que era tão humilde. Continua com o
rosto firme, levanta uma das mãos e aponta para Argo.
- Pegue meu vestido extra que
uso por debaixo da minha armadura. Ele ficará grande em você, mas pelo menos
não precisará dormir nua.
Gabrielle levanta os olhos
sem levantar a cabeça, vai até Argo, vira-se de costas, tira o pano de banho e
colocar o vestido de Xena.
Volta para onde a guerreira
estava e sorri envergonhada.
- Está muito grande...
Xena a olha de cima em baixo
e vê que o vestido havia ficado realmente enorme. Sorri divertindo-se da
situação.
- É isso ou dorme nua.
Gabrielle sente o rosto ficar
vermelho.
- Fico com ele então...
Xena esboça um sorriso e
vira-se para pegar o ultimo vestido reserva que estava dentro da bolsa.
- Amanhã vamos para Corinto,
comprarei algumas peças de roupa para você.
Gabrielle senta-se na
fogueira, sente o estomago roncar e aperta-o para que Xena não o ouvisse.
- Não quero que gaste seu
dinheiro comigo. Vou arrumar um emprego e compro minhas coisas.
Já vestida Xena olha para
trás, levanta a sobrancelha com ironia.
- E vai trabalhar de que? Em
alguma lavoura ou bordeis de Corinto?
Gabrielle ficara muda com a
frase dita pela guerreira.
- Desculpe... não devia ter
dito isso. É que... Nossas vidas são muito diferentes Gabrielle... Eu...eu as
vezes não sei como me portar diante de você.
Gabrielle a olha séria.
Sentia-se uma idiota, uma garota imbecil por parecer tão ingênua e inocente.
- Não sou tão inocente quanto
pensa...
Xena a encara, sabia que a
garota estava tentando provar para si mesma que era capaz de seguir uma
guerreira.
- Vi que está com fome. Pegue
minha bolsa, lá há comida. Não quero pescar agora. Estou muito cansada.
Xena deita-se numa manta,
vira-se de costas para Gabrielle e pensa novamente na frase infeliz dita por
ela segundos atrás.
Gabrielle vê Xena deitar.
Pega uma maça e um pedaço de queijo e o come vorazmente.
Forra outra manta ao lado da
guerreira, mas deita afastada. Sentia burra, ingênua e estava magoada com a
forma que Xena havia tratado.
- Só sirvo para lavoura ou
para satisfazer os homens... É isso que ela pensa de mim...
Xena estava de olhos abertos,
sentia que a camponesa a encarava. Queria virar-se para pedir desculpas
novamente, mas esse ato não condizia a sua personalidade e postura de vida.
- Eu sinto muito Gabrielle...
Sussurra baixo e fecha os
olhos.
Gabrielle fecha os olhos para
tentar dormir. Uma lagrima insistia em cair antes de pegar no sono.
A madrugada viera com ventos
frios.
Gabrielle acorda e percebe
que está sem a manta de cobrir, ela se encontrara toda em Xena. Tenta puxar um
pouco para si, mas a guerreira estava agarrada nela.
Não vendo outra alternativa
chega mais perto de Xena e se encolhe nas costas da guerreira, conseguindo
agora se cobrir por completo.
Xena sente um calor invadir
as costas.
- O que será isso? – Pensou.
Tenta olhar para trás e vira
o pescoço. Era Gabrielle encolhida, encostada nela. Esboça um sorriso e
sente-se aliviada, pensando que a jovem havia a perdoado. Vira-se novamente e
pega no sono.
Na manhã seguinte Xena acorda
com Gabrielle ainda grudada em suas costas. Vira-se cuidadosamente para não
acordar a jovem. Fica de frente para Gabrielle, seu rosto era angelical. Dormia
um sono pesado, profundo. Xena a observa durante um longo tempo, nunca vira
tanta inocência e beleza em um ser.
- Gabrielle?
Xena coloca a mão esquerda no
ombro de Gabrielle e a sacode suavemente.
- Gabrielle? Vamos
preguiçosa...
Percebe que a jovem não
conseguia acordar, retira a mão do ombro e pousa no rosto de Gabrielle.
- Pelos deuses, você está
queimando...
Gabrielle estava
inconsciente. Xena deslizou a mão sobre todo rosto da jovem, tentou acordá-la
novamente, mas sem sucesso.
Tira a coberta que estava em
cima dela e percebe que Gabrielle estava muito molhada. Mesmo suando toda febre
a noite isso não tinha sido o suficiente para desperta-la e melhorar.
- Você não devia ter me
acompanhado... já está me causando problemas.
Xena ajoelha-se diante da
jovem e tira o vestido que lhe emprestara na noite passada. Gabrielle estava
nua. Xena pega-a no colo e entra no lago com ela.
Na água o peso de Gabrielle
era bem menor. Pode então apoiar o corpo da jovem em uma das pernas enquanto
molhava a cabeça da jovem.
- Vamos... acorde...
Gabrielle solta um gemido,
mas não abre os olhos.
- Você nunca deve ter dormido
ao ar livre. Deve ter pegado muito sereno a noite e o pior é que nessa região
não temos as ervas necessárias para baixar essa febre.
Gabrielle geme novamente.
Xena olha para o rosto da jovem que parece estar delirando.
- Xena? Não me deixe aqui. Eu
posso ser útil...eu sei ler, estudo astrologia, sou...
Xena a olha com ternura, não
sabia porque aquela camponesa a tivera conquistado.
- Sou ótima companhia... por
favor...me leve com você...
Gabrielle delirava, porém não
abria os olhos.
Xena passa a mão
delicadamente no rosto dela, acariciando toda face.
- Não vou deixar você.
Xena volta com ela para terra
firme. Encontra uma caverna muito próxima da clareira que estavam e faz uma
fogueira no interior da caverna.
Deita Gabrielle nas mantas, a
jovem ainda continuara nua. O coração de Xena acelera. Esfrega as mãos no rosto
e caminha em direção a Argo que também já está no interior da caverna.
- Acho que estou
enlouquecendo garota... Primeiro deixo essa menina me acompanhar e agora sinto
coisas estranhas...
Argo relincha.
Com o barulho Gabrielle
acorda assustada. Levanta-se, ficando sentada nas mantas e percebe que está
nua. Cobre todo o corpo sem entender o que está acontecendo.
- Porque estou nua?
Xena olha para trás e vê
Gabrielle vermelha. Não sabendo se era de vergonha ou por causa da febre. Percebendo o desconforto da jovem, Xena joga para ela suas roupas já secas.
Gabrielle as veste sentada.
- Está tudo bem agora
Gabrielle. Você provavelmente passou mal a noite e amanheceu com febre.
- Não me lembro de muita
coisa...Eu...eu realmente senti muito frio a noite. Você pegou toda coberta pra
você.
Xena continua encarando-a.
Não sabia o que falar, afinal não estava acostumada a dividir suas coisas. Há
muito tempo não tinha uma companhia.
- Vou te levar novamente para
o lago, hoje ele está mais quente do que ontem. Te dou banho e deixo você aqui
para comprar suprimentos, roupa pra você e uma manta maior.
- Me dar banho? Xena, posso
ser mais nova que você, mas já sei tomar banho sozinha.
Gabrielle tenta levantar, mas
acaba caindo devido a fraqueza. Xena dá um salto e para em frente a moça,
segurando-a pelos braços.
- Oh sim, estou vendo como
está crescida e forte. Fique quieta e me obedeça se você realmente quiser me
acompanhar Gabrielle.
Os olhos azuis a encaravam
duramente, Gabrielle tentou manter o olhar, mas não conseguiu. Sentiu um frio
na barriga que nunca tivera sentido antes.
- Está bem.
Abaixou a cabeça e perguntou
baixinho.
- Posso tirar minha roupa
sozinha pelo menos?
Soltando-a, Xena a encara um
pouco mais de longe. Percebera que a jovem estava envergonhada. Achou melhor
não contar pra ela que no dia anterior havia dado banho nela completamente nua.
- Faça como quiser, acho que
seria melhor tirar a roupa perto do lago. A não ser que você queira ser
carregada nua nos meus braços.
Gabrielle levantou a cabeça e
sentiu seu rosto queimar. Imaginara a cena e não sabia se tinha gostado ou não.
- Tudo bem, tiro perto do
lago. Você me ajudar a ir até lá?
Xena se aproximou dela sem
sorrir, pegou-a no colo e carregou a jovem até a beira d’água.
- Tire suas roupas. Preciso
ter certeza que essa febre não voltará. Logo após seu banho você comerá umas
frutas que deixei separadas pra você na cela de Argo. Fique quieta dentro da
caverna se não quiser problemas comigo mais tarde.
Gabrielle balançou a cabeça
concordando. Virou de costas para a guerreira e tirou a roupa timidamente. Xena
olhou fixamente para o lago, quando sentiu que Gabrielle tirara a saia e ficara
somente com os panos íntimos virou-se de costas para a camponesa.
- Já terminou?
Ainda de costas Gabrielle
pergunta.
- Tenho que tirar até minhas
roupas de baixo?
Xena sorri e responde.
- Tire-as dentro do lago
Gabrielle...Agora venha, deixe-me pegar você.
Xena vira-se não olhando o
corpo da jovem. Tira sua armadura e fica com o vestido branco que é quase transparente.
Gabrielle olha o corpo da guerreira com curiosidade.
- O que é?
Percebendo a pergunta
Gabrielle olha para os olhos de Xena.
- Nada.
Xena franze a testa e pega-a
no colo. Gabrielle coloca os dois braços em volta do pescoço da jovem.
- Sou muito pesada pra você?
Com Gabrielle nos braços,
Xena sorri para a jovem e a olha nos olhos.
- Você é leve como uma pluma.
Gabrielle sorri e relaxa no
corpo da guerreira.
Ao entrar na água Xena
afrouxa Gabrielle e deixa que ela flutue. A jovem fica sentada no colo da
guerreira, mantém os olhos fechados enquanto Xena molha a testa dela sentindo
se a febre havia passado.
- Estou me sentindo muito
melhor.
Gabrielle abre os olhos e
encara Xena, sorri e sai do colo dela.
- Obrigada.
Xena acena com a cabeça e
molha o rosto para se refrescar.
- Ande, vamos sair. Você ainda
tem que comer e eu tenho que ir comprar as coisas.
Xena ajuda Gabrielle a sair
do lago, entrega pra ela o pano de enxugar e leva Gabrielle até a caverna.
- Fique aqui, coma todas as
frutas que separei pra você e não saia da caverna.
- Sim senhora.
Xena caminha para fora da
caverna e tenta traçar uma nova rota, com Gabrielle fragilizada seria um risco
ir para Corinto. A garota parecia atrair problema para si mesma, prova disso
era ter escolhido Xena como tutora.
- O que ela quer de
mim? Não existe alguém que demonstre esse afeto sem nada em troca. Será que ela
está tramando algo?
Perguntas e mais perguntas
povoavam a cabeça de Xena, decidiu então tentar tratar a jovem de forma neutra,
até descobrir o que ela queria. Até descobrir o que ela estava sentindo.
Gabrielle senta-se recostada
em uma rocha e descansa a cabeça sobre ela.
- Eu cometi um erro
em seguir Xena. Em apenas dois dias eu já passei mal e causei problemas pra
ela. Tenho que ir embora.
- Muito bem
Gabrielle, iremos partir assim que você...
Xena
entra na caverna e vê Gabrielle agachada, com as duas mãos cobrindo o rosto.
Pelo visto a jovem estava chorando há algum tempo.
- O que foi dessa
vez?
Gabrielle levanta o rosto e
olha para Xena.
- Desculpe.
Xena levanta uma sobrancelha,
não disse nada. Queria saber o que a garota diria em seguida.
- Eu...eu não sei
se deveria ter te seguido. Até agora eu só te causei problemas e...
- Gabrielle?
- Sim..
- Durma porque
partiremos daqui a pouco. Eu estou cansada e você não gostará de me ver cansada durante a viagem.
Gabrielle esboça um sorriso,
deita e olha para o teto da caverna.
- Acho que esse é o
modo dela dizer que eu posso continuar a viagem com ela.