Um guerra sexista entra em jogo quando Xena
decide unir um grupo de guerreiros num plano ousado contra o Deus da Guerra.
Ao decidir enfrentar o mais novo exército de
Ares, Xena põe em risco a segurança das pessoas de Bem ao libertar cinco dos
mais perigosos bandidos de sua história. A intenção era fazer com que todos
trabalhassem juntos contra Agathon, o mais novo afilhado de Ares, que como
presente lhe entrega o metal de Hefestos. Com tal material, eles criam um
Exército quase indestrutível que dizimou facilmente os soldados de Atenas. Como
conhecia cada habilidade dos guerreiros de seu Exército de Assassinos, a tática
de Xena foi de explorar cada uma delas, distribuindo seus dons para conquistar
a vitória. Porém nem mesmo a perspicácia de Xena foi capaz de impedir uma
guerra sexista entre a amargurada Glaphyra, uma traficante de escravos homens e
Darnelle, um imponente gladiador. É justamente esta questão que envolve de
forma ainda mais interessante o episódio.
XWP nasceu como seriado feminista em um
território de homens seja na ficção ou na realidade tornando-se deste modo um
marco importante na história da TV. Seguindo este conceito é natural que a
força da mulher diante das injustiças no mundo dos homens seja sempre
enaltecida contra tudo e contra todos. A visão de Glaphyra de que os homens
para nada servem além de mentir e usar o sexo oposto, logo bateu de frente com
o guerreiro Darnelle, que tratou de tentar desfazer o pensamento da moça.
"Mas você veio de uma mulher!", tenta argumentar ela. "Eu nasci
de um homem. Vim de uma mulher". Deste embate criou-se situações, frases e
diálogos memoráveis como o momento em que a guerreira radicalista tenta macular
a memória de Perdicas acreditando que ele teria abandonado Gabrielle, que logo
se descontrola afirmando não ter sido abandonada por opção e sim pelas
circunstâncias quando ficara viúva precocemente. "Por causa de uma
mulher" (no caso Callisto) completou Xena no final de toda aquela conversa
numa clara fusão bem-vinda do papel dos dois sexos na expansão ou extinção da
raça humana. No fim, Glaphyra e Darnelle terminaram juntos e redimidos, cada
qual entendendo seu papel na questão.
The Dirty Half Dozen além de ser um excelente
episódio de várias perspectivas, prova
que a amplitude de XWP é bem
maior do que qualquer definição sexista, afinal, nem todos os homens são
machistas e mentirosos, assim como nem todas as mulheres são frágeis e vítimas
diante dos inúmeros desafios impostos pela vida por ambos os lados. Para Glaphyra
era mais fácil se acomodar e culpar os homens por suas agruras do que procurar dentro
de si respostas que a ajudam a lutar contra as injustiças e preconceitos
existentes no mundo. Ela aprendeu com Xena a olhar para dentro de si e lá
enxergou uma mulher forte e corajosa, capaz de determinar seu próprio destino
independente da intervenção dos
homens em sua história.
P.S: Darnelle e Glaphyra conversaram bastante
durante o seu percurso, mas ela ainda não havia entendido o que ele já sabia
sobre Xena e Gabrielle. Aliás, ela como muitos xenites ainda não
entenderam...
por Flavia Cristina