Graças ao meu amor e abstinência por “Xena” pensei
em dar uma chance pra conhecer melhor “Hércules”. E comecei por “Hércules e as
Amazonas” que é o primeiro filme da série, lançado em 1994. Uma missão de Hércules
(Kevin Sorbo) e Iolaus (Michael Hurst) num vilarejo onde homens são atacados
toda noite por criaturas selvagens e misteriosas sequestradoras de mulheres.
Até que é revelado que essas criaturas tão temidas eram amazonas que levavam as
mulheres do vilarejo para fazerem parte da tribo. A participação -
significativa até - da Lucy como a amazona Lysia no filme aumenta o interesse
em assisti-lo. E não só há participação dela, mas o Solan também está no filme
(a participação no caso é do David Taylor).
O
filme é feito com boa vontade, é perceptível, em toda sua simplicidade pelo
baixo orçamento. O cenário é lindo e bem
aproveitado, paisagens neozelandesas paradisíacas. Naturalmente é possível
reconhecer os lugares que também aparecem em “Xena”. Não tive impressão de que
seria piloto da série, como minhas expectativas sugeriram, vi como um episódio
rotineiro, em que os heróis têm uma missão pra cumprir e vão lá e fazem. O
casamento de Iolaus reforça isso, dá uma noção de que o personagem já está ali
porque já é conhecido, não tem uma introdução dele. Mas o valor dele está na
verdade na forma que levantaram, de um jeito bem objetivo e raramente tão bem
feito, um assunto que tem sido abordado cada vez mais frequentemente: Machismo.
Mulheres na época em que os deuses eram fúteis e cruéis lutando por
independência e igualdade.
No início do filme atitudes
machistas dos protagonistas Hércules & Iolaus e de outros personagens
homens são escrachadas nos diálogos, coisas problemáticas que infelizmente
ainda hoje são vistas como situação comum.
Com o decorrer do filme
Hipólita (Roma Downey), líder das amazonas, deixa a crítica mais clara, num
momento especial em que Hércules é capturado pelas amazonas e uma lição é
passada ao herói e que não serve apenas para ele mas também para o
telespectador.
No entanto outra questão
fica no ar quando a vilã Hera aparece com o ideal de misandria querendo
eliminar os homens. E há a falha de manter a figura do herói viril Hércules
resolvendo a questão das mulheres, e fazendo uma luta social parecer exagero,
“é só conversar”.
Mesmo que Hércules e os
outros caras tenham entrado em processo de desconstrução do machismo, não
elimina o autoritarismo que está sendo criticado. Fica pior quando Hércules
apela para o Pai como um garoto mimado que não sabe lidar com as coisas e volta
no tempo pra ser capaz de evitar as fatalidades, foi como o Super-homem em
1978.
A
morte de Hipólita e de um Pai que vivia no vilarejo foram situações fortes e
inesperadas, as cenas teriam potencial para serem bem comoventes. Um ponto bem
positivo foi a questão do estereótipo de gênero sendo levantada pela “inversão
de papeis”, as amazonas que eram as pessoas de atitude e perfil mais ativo
enquanto os homens do vilarejo eram os responsáveis pelos afazeres domésticos,
que cuidavam das crianças e expressavam mais sensibilidade. O trabalho escrito por Andrew Dettmann, Jule Selbo e Daniel Truly, dirigido por Bill L. Norton contando com a produção da equipe de “Xena” Sam Raimi, Rob Tapert,
Bernadette Joyce, etc. nos leva para uma antiguidade fictícia
e mitológica para introduzir e retratar nossas realidade atual e “cultura” nos
encaminhando à filosofia.
por Amorim.
Gostei do filme, porém a tentativa de crítica ao machismo não foi muito bem sucedida
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