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A Friend In Need – Crítica Pessoal


Xena se tornou uma pessoa revoltada após a morte de seu irmão. Massacrou, incendiou, crucificou, matou centenas, milhares de pessoas, sem nenhum escrúpulo, apenas por pura crueldade e prazer.
Pendurou cabeças de decapitados, deixou uma moça acorrentada junto aos caranguejos, seqüestrou uma criança, humilhou outra, queimou vivos a família de mais uma, que se tornaria uma de suas piores inimigas. Tudo isso para obter poder.
Então, ela conheceu Hércules e passou a ver a vida de modo diferente, decidindo desistir da luta e voltar para casa.
Foi então que surgiu Gabrielle, aquela que mudaria sua vida para sempre...
Juntas, elas combateram o mal, em todas as suas formas. Guerreiros, demônios, deuses, e toda e qualquer criatura que quisesse fazer algum mal aos mais fracos e pessoas de bem.
No decorrer de sua saga, enfrentou seus próprios demônios e culpas. E sempre se redimiu de seus erros do passado, obtendo o perdão ou o agradecimento de suas antes vítimas.
Xena conheceu Eli, um homem que era puro amor, nascido para espalhar a verdade pelo mundo, nascido para preparar as pessoas para algo maior, baseado no mais puro amor que se pode ter pelo próximo. Xena continuou com sua espada, porém, respeitando e compreendendo as palavras de Eli.
Callisto, provavelmente a pessoa que mais odiou Xena em toda a história, foi salva por ela no inferno. Xena trocou sua condição, dada por Deus, pela alma de Callisto. Xena foi anjo e foi demônio, mas foi premiada por Callisto a passar mais um tempo na terra. Não bastasse isso, ainda foi escolhida para ser a mãe do mensageiro de Eli. Mais que isso, obteve o poder de matar deuses.
Tudo isso porque Xena era bem vista pelo Deus de Eli. O Deus único. O Deus de puro amor, segundo o próprio Eli pregava.
Uma mulher para ser escolhida como a mãe do mensageiro de Eli, ou seja, de Deus, tinha que estar, no mínimo, redimida e perdoada por todos os seus erros do passado.
É o que parece até o momento em que aparece um monge que leva a ela o recado de Akemi.
Quem era Akemi? Se Lívia era a Vadia de Roma, Akemi pode ser considerada a Vadia do Japão.
Uma garota que mata o próprio pai e usa Xena para tal feito não pode ser vista como a coitada que foi mostrada nos dois últimos episódios da série. Sim, seu pai dizimou sua família, e Akemi se tornou igual a ele, ao matá-lo. Xena foi enganada pelo coração e defendeu as cinzas de Akemi, matando quarenta mil pessoas que, por certo, queriam impedi-la de depositar as cinzas da jovem assassina no mausoléu da família.
Xena estava apenas cometendo mais um de seus erros, o de matar inocentes, coisa que ela fez muitas e muitas vezes no passado.
Quarenta mil almas? Xena condenou muito mais almas que isso em sua trajetória quando era uma assassina sanguinária.
E tudo o que ela fez de bom depois disso, não conta?
Eva nasceu de Xena. Callisto a escolheu como mãe. Mãe da mensageira de Eli, que abriria caminho com suas pregações para a vinda do Salvador.
Xena não estava mais do que perdoada e redimida de seus erros? E esse erro no Japão, então, ficou pendente? É isso?
Quanta mesquinhez do criador da série, falta de respeito com toda uma massa de fãs e admiradores da Princesa Guerreira, justamente porque ela era má e ficou boa. Mas não. Para ele, ou eles, pois devo acrescentar todos os que concordaram com este fim patético e sem sentido para Xena, ela deveria ser morta para obter a redenção.
Que redenção? Tudo o que ela fez de bom não contava mais? Por causa de quarenta mil almas, de uma terra que nem era a dela, Xena foi julgada e morta.
Até hoje me pergunto o sentido do título: A Friend In Need (Um(a) Amigo(a) Em Necessidade). Que amiga? Akemi? Desde quando Akemi foi amiga de Xena? Ela só usou a Xena na sua vingancinha idiota. Ou seria Gabrielle, que fez de tudo para trazer Xena de volta? Aí sim faria algum sentido.
Quando Xena morreu com Gabrielle nas cruzes, elas iam para o Céu, pelo que me lembro. Então os demônios chegaram e aconteceu todo aquele problema que, no fim, terminou com o retorno delas a seus corpos. Isso porque havia um propósito, algo estipulado pelo Deus de Eli.
Xena já estava perdoada, redimida, só tinha que viver e continuar lutando contra as injustiças do mundo.
Ela carregou na barriga Callisto reencarnada.
Criança esta que seria a mensageira de Eli.
Xena matou a maioria dos deuses do Olimpo.
Tudo para salvar sua filha, o que qualquer mãe faria. Mas, mais do que isso, ela salvou a mensageira do amor.
Merecia o final medíocre que teve?
Uma mulher que perdeu seu irmão, teve suas pernas quebradas, serviu de caça para cães famintos, teve que dar seu filho sem poder vê-lo crescer e ao revê-lo, logo o perde. Uma mulher que viu sua amada cair num fosso de lava sem nada poder fazer, que deu a luz novamente no meio de uma luta, que novamente não pôde ver mais um filho crescer, que teve a coluna quebrada, foi crucificada e morta. Seguiu os ensinamentos de Lao Ma, protegeu Eli e seus seguidores e foi modificada por Gabrielle. Tudo isso fora o bem que ela fez para tantas pessoas. Não foi o suficiente?
Através de uma personagem cretina, Akemi, passaram a perna em Gabrielle e mataram a Xena.
Uma saga tão bela, primorosa e perfeita como a de Xena, A Princesa Guerreira, foi deturpada com um final infeliz, sujo e indecente.

por Matheus Roberto





Comentários
4 Comentários

4 comentários:

  1. Li, sua opinião sobre Akemi e AFIN são muito parecidas com as da maioria dos xenites, parabéns, vc escreve muto bem!!!
    bjos

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  2. Esse post eu fiz no calor da minha ira...

    Valeu! bj

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  3. Foi uma decepção sem tamanho o último episódio da série. Fiquei me perguntando como eles conseguiram fazer essa coisa patética depois de tudo ter sido tão primoroso. Realmente, os fãs não mereciam isso. Hoje me recuso a assistir o episódio final. Pra mim, poderia ter terminado em When Fates Collide, esse sim foi um grande episódio. Detesto a Akemi e essas 40 mil almas ate hoje. Afinal, que valor deram a Gabrielle no fim? Nenhum. Lamentável.

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  4. Achei decepcionante o último episódio da série. Está certo que os produtores resolveram encerrar a série, mas poderiam ao menos escrever uma coisa menos fantasiosa e impraticável como a que fizeram. Durante todas as temporadas tivemos episódios primorosos e alguns sem sentido, o que não alterou em nada a fidelidade dos fãs, mas o último alternava entre o ridículo e o emocionante. Em fim, considerei o último episódio um desrespeito com os fãs, em termos de apresentar um encerramento com "chave de ouro".

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