Gabrielle se emociona ao receber de Xena o poema de Safo e a abraça. Usando o elmo de Hermes, Xena leva Gabrielle para voar...
Aquela não era a única surpresa que Xena havia programado para Gabrielle. Durante o vôo, Xena diz:
- Sabe aonde vamos agora?
- Pra onde, Xena? – pergunta Gabrielle, curiosa.
- Você já vai ver....
Avistando de longe a ilha, Xena se aproxima e desce com Gabrielle.
- Onde estamos? – quis saber Gabrielle.
Antes que Xena pudesse responder, alguém lhes chega ao encontro, dizendo:
- Sejam bem vindas à Ilha de Lesbos!
- Cleis! – exclamou Xena, abraçando a garota.
- Ilha de Lesbos? – surpreende-se Gabrielle – Xena, que maravilha!
Xena sorri.
- Gabrielle, esta é Cleis, filha de Safo.
- Nossa, muito prazer! Sou fã de sua mãe! – diz Gabrielle, também abraçando Cleis.
- E Safo? Você sabe dela?- perguntou Xena.
- Minha mãe enviou uma mensagem. Estará aqui amanhã. Ela me pediu para recebê-las. Venham! Vou lhes acompanhar até a cidade.
As três seguem rumo ao centro de Mitilene, a capital. No caminho, Gabrielle pergunta curiosa:
- Xena, você disse para Safo que vínhamos pra cá?
- Sim. – responde Xena, com ar misterioso.
- Minha mãe me falou sobre vocês na mensagem. Me pediu para acomodá-las e mostrar-lhes sua escola. – explica Cleis.
- Vou conhecer a escola de Safo? Nossa, que surpresa boa! Sempre quis conhecer! – alegra-se Gabrielle.
- É uma escola de que? – quis saber Xena.
- De poesia,dança e música. – responde a garota.
- O que mais você vai aprontar comigo, hein, Xena? – pergunta Gabrielle.
- É... eu... – responde rapidamente Xena.
- O que você está aprontando, hein?
Xena desconversa, perguntando para Cleis:
- Então Safo chegará amanhã?
Cleis afirmou sua pergunta com a cabeça e disse entristecida:
- Minha mãe está um tanto triste. Por isso, resolveu sair de Mitilene por uns dias.
- O que houve? – pergunta Gabrielle.
- Ela perdeu seu grande amor para um guerreiro chamado Kleoni.
- É, eu soube... Ela mesma me contou quando estivemos juntas. – disse Xena.
- Quem é ela, Xena? – perguntou Gabrielle.
- Atis. – responde Xena. E continua – Cleis, Atis ainda está em Mitilene?
- Sim. Eu a vejo às vezes junto com Kleoni.
- Xena, você conhece este tal de Kleoni? – quis saber Gabrielle.
- Ainda não...
Chegando ao centro da cidade, Cleis leva Xena e Gabrielle até a Escola de Aperfeiçoamento de Safo. Ao entrarem, Gabrielle se encanta com as alunas, tão dedicadas em seus estudos. Em cada sala, era ensinada uma arte.
- Como é lindo este lugar! – exclama.
- É, é sim. – concorda Xena.
- Vou ver algo para comerem.- disse Cleis, saindo em direção a cozinha. – Fiquem à vontade!
- Xena... – pergunta Gabrielle – Como sabe tanto sobre a vida de Safo?
- Quando fui até ela pedir o poema para você, ela acabou me contando o que havia acontecido. – explica Xena – A propósito, Safo havia acabado de escrever o poema que te dei, e eu escolhi a parte final para te dar.
- Parte final? O poema não estava completo?
- Não. Ela escreveu aquele poema para Atis, desabafando o que sentia com a sua traição. Só que o restante do poema não tem a ver com a gente. Por isso, peguei só o final, que diz tudo.
Gabrielle sorri e abraça Xena.
- Eu adorei aqueles versos. Foi bom saber o que você sente por mim através de um poema.
Xena beija a testa de Gabrielle, quando Cleis retorna assustada.
- O que houve, Cleis? – perguntou Xena.
- É Kleoni! Ele quer invadir a escola e destruir tudo. Não é a primeira vez que ele tenta fazer isso, mas agora ele trouxe mais homens. O que fazer? – respondeu Cleis, preocupada.
- Espere aqui. Vamos, Gabrielle! – disse Xena, puxando sua espada da bainha nas costas, enquanto Gabrielle tirava seus sais das botas.
Chegando lá fora, Xena olha para a face de Kleoni, que grita:
- Ah, agora vocês têm guarda-costas? Não vai adiantar de nada. Homens, ataquem!
Xena dá seu grito e salta por cima de dois homens, golpeando-lhes as costas, fazendo-os cair. Gabrielle esmurra com os cabos de seus sais outros dois caras.
Kleon parte pra cima de Gabrielle, mas é interrompido pela espada de Xena. Os dois começam a lutar.
- Você é bem forte, hein, Kle-o-ni!– disse Xena, com ar irônico.
- Você ainda não viu nada! – grita o guerreiro, dando um salto e chutando o estômago de Xena, fazendo-a cair.
Gabrielle lutava contra os outros quatro homens que acompanhavam Kleoni, mas viu a cena e gritou:
- Xena!!
- Xena? – surpreende-se Kleoni, partindo para cima de Xena, ainda caída. Porém, ela se levanta rapidamente e se inicia uma luta de socos e chutes.
Gabrielle consegue derrotar os demais e diz às pessoas que assistiam a briga:
- Amarre-os!
Enquanto isso, Xena e Kleoni lutam bravamente, sem cessar. Então ela disse:
- Por que o espanto ao ouvir meu nome?
- Pensei que estivesse morta, desgraçada! – respondeu Kleoni, com muita raiva e reforçando seus golpes.
- Como pode ver, não estou! – disse Xena, sarcasticamente, dando um soco na face do guerreiro.
Kleoni retribuiu o soco, fazendo Xena cair novamente e se pondo encima dela.
- Vou te matar, Xena! Pensei que estivesse morta, mas como voltou, terei o prazer de acabar com você!
- Por que quer me matar? – pergunta Xena, conseguindo soltar um dos braços e lhe dando um soco. Ela se levanta e pega seu chakram.
Kleoni se aproxima para lutar mais, mas está desarmado. Então ele diz, cego de ódio:
- Você matou meu pai! Tem que pagar, sua assassina!
Xena segura o chakram em sua direção e pergunta:
- Mas quem é seu pai?
- Theodorus! Lembra dele ou foi só mais um que pereceu por suas mãos? – responde Kleoni, enfurecido.
- Eu não matei seu pai!
- Parem! – gritou Atis, que chegara naquele momento – Kleoni, esqueça isso, já faz tanto tempo...
- Jamais vou esquecer que esta mulher matou meu pai a sangue frio pelas costas! – dizendo isso, ele avança pra cima de Xena, mas Gabrielle, usando seus sais, o golpeia duplamente no queixo, fazendo-o cair.
Kleoni se levanta e vê que está em minoria. Ele vai se afastando e diz:
- Ainda vou te matar, Xena!
Ele corre por trás das casas e Xena resolve segui-lo, mas é impedida por Atis, que diz, se pondo em sua frente:
- Por favor, não o mate! Eu o amo.
- Como você pôde trocar Safo por... aquilo? – pergunta Gabrielle, surpresa.
- Ele é um bom homem... – explica-se Atis.
- É... percebi. – diz Xena.
- Verdade, ele só está com raiva.
- E por que ele quer destruir a escola? – pergunta Gabrielle.
- Por causa da Safo. Quando tento convencê-lo a não fazer isso, ele acha que é porque ainda a amo. E seu ódio aumenta ainda mais.
- Filho de Theodorus... só me faltava essa. – sussurra Xena.
- Mas você não matou o pai dele. Kleoni precisa saber a verdade. – diz Gabrielle.
- Não matou? – questiona Atis – Kleoni me contou sobre isso. Seu pai era um guerreiro do exército de Callisto. Ao ver Theodorus ser assassinado por você, Xena, um dos soldados fugiu e foi ao encontro da mãe de Kleoni para contar o acontecido. Ele tinha apenas um ano de vida, mas cresceu ouvindo sua mãe dizer até morrer que Xena, a princesa guerreira, havia matado seu pai. Então, ele soube que você e Gabrielle haviam morrido e esqueceu sua sede de vingança. Ao ver você aqui, viva, quis matá-la.
- Mas não fui eu quem matou Theodorus. – irrita-se Xena.
- Eu vou embora, não quero que Safo me veja aqui. – diz Atis, ao ver Cleis saindo pela porta da escola.
- Atis, você não é bem vinda aqui. – diz Cleis.
- Eu sei, já estou indo.
Atis vai embora e Xena, Gabrielle e Cleis retornam para o interior da escola.
- Minha mãe chegará amanhã. Não contem a ela o que aconteceu. – pede Cleis.
- Acho que Safo deve saber o que se passa por aqui em sua ausência. – diz Gabrielle.
- Como vou provar ao filho de Theodorus que eu não matei seu pai? – pergunta-se Xena.
Gabrielle pensa um pouco e diz, animada:
- Tem um jeito, Xena!
- Qual?
- Confie em mim! – responde Gabrielle, olhando nos olhos de Xena e saindo da sala onde estavam.
- Mas onde diabos a Gabrielle se meteu? – pergunta-se Xena, já no quarto de hóspedes concedido por Cleis.
- Me procurando? – responde Gabrielle, entrando pela porta.
- O que foi fazer?
- Eu disse para confiar em mim. Em breve, você saberá.
- Gabrieeeelle... – diz Xena – Aprendeu comigo a esconder seus planos, foi?
- Pois é... – sorri Gabrielle – Vamos dormir?
- Dormir? – Xena a olha com ar de sedução e continua – É, vamos dormir! – e vira-se para o lado.
- Você sempre faz isso... argh! – irrita-se Gabrielle, também deitando-se e fechando os olhos para dormir – Só porque não contei meu plano...
- Boa noite! – corta Xena.
- Humpf! Boa noite...
Safo era uma mulher elegante, dona de olhos e cabelos negros como a noite. Baixa e magra, tinha medo do que Kleoni poderia fazer contra ela.
Nem bem amanhece o dia, Xena e Gabrielle acordam com as batidas leves na porta do quarto.
- Safo! – exclama Xena sorrindo, ao abrir a porta, e abraçando longamente a poetisa.
Gabrielle olha incrédula para a mulher pela qual ela sentia tamanha admiração e diz:
- Não posso acreditar! É você mesmo? Você é a Safo?
- Sim, sou eu. E você é a Gabrielle, certo? – responde Safo, indo de encontro a ela, lhe abraçando.
Gabrielle fica atônita, muito emocionada e diz:
- Nossa, que prazer te conhecer! Amo sua poesia, seu trabalho...
- Gabrielle! – repreende Xena sutilmente.
- Prazer em conhecê-la também, Gabrielle! – diz Safo. E sorri. – Venham! Vamos tomar o café da manhã.
Xena e Gabrielle a seguem até a cozinha e se deparam com uma mesa farta. Variedades de frutas, queijo, pão, croissants, bolos, enfim, uma café da manhã que alimentaria todo um exército.
Acompanhadas por Safo à mesa, enquanto comem, elas conversam:
- Safo, como você está? – quis saber Xena.
- Não sei dizer. É difícil acreditar que Atis não é mais uma de minhas alunas...
- Nós a conhecemos. – diz Gabrielle.
- Vocês a conheceram? – perguntou Safo – Então, ela esteve por aqui?
- É. Foi. – respondeu Xena - Pois é, Safo, Kleoni esteve aqui. Queria invadir sua escola, mas nós o impedimos.
- Não sei por que ele faz isso se já conseguiu o que queria. – entristece-se Safo, levantando-se da cadeira.
- Não se preocupe. Enquanto estivermos aqui, ele não vai tentar nada. Acho que agora ele mudou de objetivo... quer me matar. – relata Xena.
- Matar você? – surpreende-se Safo.
- Sim. Ele acha que Xena matou o pai dele. – explica Gabrielle.
Xena fica pensativa por uns segundos, depois diz:
- Nós vamos dar um jeito nele. Só não sei como ainda.
- Os homens que estavam com ele ontem estão na prisão. Mas é Kleoni quem oferece maior perigo. Por Safo e por você, Xena. – conclui Gabrielle.
- Bom, vamos mudar de assunto. Quero lhes mostrar a cidade. Vamos? – sugere Safo.
- Vamos lá! – responde Xena, com a afirmação de Gabrielle.
Elas caminham pela bela cidade de Mitilene. Gabrielle se encanta com as lojas e diz à Xena:
- Vou ver se tem algo de interessante para comprar. Volto já.
- Ela não pode ver uma loja, que fica toda ouriçada. – diz Xena, arrancando um sorriso de Safo.
- Xena, quanto tempo pretendem ficar? – pergunta Safo. – Tê-las por aqui seria fantástico.
- Não será preciso ficarmos. Ah, tenho um pedido a te fazer... E quanto a Kleon, já tenho um plano para acabar com as investidas dele.
- Que pedido? E qual plano?
- É o seguinte...
Gabrielle barganha na loja onde está e compra um belo vestido, quando percebe gritos vindos do centro.
- Vou te matar, Xena!
Ela corre para fora da loja e vê Kleoni de frente com Xena e Safo.
- Que maravilha! As duas pessoas que mais odeio juntas. – dizia Kleon – Vou acabar com as duas de uma só vez!
Gabrielle se junta a elas e faz Kleoni recuar:
- Não sei quem é você loirinha, mas se você se meter, vai morrer também!
- Você está em minoria, não está vendo? – diz Xena, se pondo com Gabrielle a frente de Safo, para protegê-la.
Kleoni saca sua espada, mas é impedido de avançar por Atis, que chega naquele momento:
- Vamos sair daqui, Kleoni! Por favor!
- Gabrielle, leve Safo pra um lugar seguro. Eu cuido dele. – ordena Xena. – Pronto, agora somos só eu e você. O que me diz? Vamos acabar logo com isso!
Kleoni se solta do braço de Atis e parte pra cima de Xena, que saca sua espada. Os dois começam a lutar. Atis desmaia e Kleon perde a concentração na luta, correndo-lhe ao encontro.
- Meu amor! O que houve? Vamos sair daqui! – diz Kleoni para Atis, a tomando nos braços e se afastando – Eu voltarei, Xena! Vingarei a morte de meu pai!
Xena nada faz, pois prefere colocar seu plano em prática. Safo e Gabrielle retornam.
- O que houve com Atis? – pergunta Safo, preocupada.
- Ela desmaiou. – responde Xena – Vamos voltar.
Na escola, Gabrielle acompanha as aulas e se encanta com cada novo ensinamento.
Safo e Xena conversam:
- Não pode fazer isso, Xena? – pede Safo.
- Não farei nenhum mal a ela. Confie em mim! – diz Xena, saindo pela porta dos fundos.
Xena encontra a casa de Kleoni e Atis. Ele está do lado de fora da casa, o que torna tudo mais fácil pra ela.
Xena espia pela fresta da janela e encontra Atis dormindo. Ela entra calmamente pela janela e Atis acorda.
- Você quer acabar com essa briga, não quer? – pergunta Xena, colocando a mão na boca de Atis, que estava prestes a gritar.
Atis concorda com a cabeça.
- Então, venha comigo.
Xena amarra as mãos de Atis e a amordaça.
Vai com ela até o cavalo de Kleoni e monta, colocando a mulher em sua frente. Dando seu grito de guerra, Xena atrai a atenção de Kleoni, que corre para os fundos da casa e vê Xena levando Atis.
- Quer vê-la novamente, Kleoni? – pergunta Xena – Estarei aguardando... Yiiiiiiiááh!!
O cavalo sai em disparada, enquanto Kleoni é possuído mais e mais pelo ódio.
Xena chega com Atis na escola, surpreendendo Gabrielle, que diz:
- Xena, o que está fazendo?
- Você não me conta seus planos, eu não te conto os meus, certo? – responde Xena, colocando Atis sentada numa cadeira, retirando sua mordaça e desamarrando-a. – Quero que Kleoni venha até aqui. Ficará mais fácil pegá-lo.
- Por favor, não faça mal ao pai do filho que estou esperando. – suplica Atis.
- Ah, que ótimo! – reclama Xena.
- Grávida? – surpreende-se Safo, chegando naquele momento na sala onde elas estavam.
- Sim, Safo... estou. – responde Atis, não conseguindo olhar Safo nos olhos.
- O que faremos agora? – questiona Gabrielle.
- Vamos esperar... – disse Xena – Kleoni virá resgatar Atis cheio de ódio e é aí que eu pego ele.
- O ódio cega as pessoas... – diz Gabrielle.
- Isso! Ele está vulnerável agora.
- Mas você não vai matá-lo, vai?
- Não é o que pretendo, mas se não tiver outra saída...
- Sempre há outra saída, Xena.
Safo manda que suas alunas saiam da escola. Lá dentro ficam apenas ela, Atis, Xena e Gabrielle.
- Onde está minha filha? Não a encontrei desde que cheguei. – pergunta Safo.
- Ela foi fazer um grande favor para mim. – responde Gabrielle, ao se dirigir a Safo, sem que Xena ouvisse – Não se preocupe, ela está segura.
Safo sorri docemente.
- Abram a porta! Devolvam a mãe do meu filho!
Todas ouvem os gritos de Kleoni vindos do lado de fora da escola. Xena olha pela janela e vê que ele está acompanhado por uns dez homens.
- Acho que ele não ouviu falar de mim muito bem... Dez homens? Que piada... – diz Xena.
Xena e Gabrielle abrem a porta e saem. Safo fecha novamente a porta e fica com Atis.
- Ataquem! – grita Kleoni.
Seus homens avançam para cima de Xena e Gabrielle, que sacam suas armas e iniciam uma longa luta. Kleoni tenta abrir a porta, mas está trancada. Ele força e quase consegue, quando é surpreendido pelo chakran de Xena, que quase lhe arranca uma das mãos. Ele se vira e vê Xena indo pra cima dele, enquanto derruba com socos os homens que avançam contra ela.
Gabrielle desfere golpes certeiros com seus sais, derrubando um por um dos homens que a atacavam, mas também era atingida por socos e chutes.
Xena saca sua espada e Kleoni saca a dele. Os dois novamente se encontram frente a frente para o combate.
- Devolva Atis que eu vou embora, Xena! – diz Kleoni.
- Aham, e eu vou começar a fazer ballet. – diz Xena, avançando pra cima dele.
Incansavelmente, os dois duelam, desferindo golpes com a espada, entre socos e pontapés.
Gabrielle consegue derrubar os outros, que ficam desacordados, com exceção de um deles que, sem ela ver, consegue arrombar a porta da escola.
Kleoni entra seguido por Xena. Os dois continuam lutando. Gabrielle vê o que aconteceu e corre para dentro da escola, golpeando o homem que havia aberto a porta. Este desmaia.
- Afaste-se de Atis, Safo! – berrava Kleoni, enquanto se defendia da espada de Xena.
Ele pega uma adaga que está em sua cinta e a atira em Safo, que corre, mas é atingida no ombro. Atis corre para socorrer Safo e a leva para outra sala, seguida por Gabrielle.
- Xena vai matar Kleoni! Não deixe, por favor, não deixe! – pede Atis para Gabrielle, que volta para onde Xena e Kleoni estão.
Eles continuam lutando e quebraram inúmeros objetos na sala. Entre golpes e saltos, Xena o derruba e se põe por cima dele com sua espada, cutucando seu pescoço.
- Xena, não ... – pede Gabrielle.
- Vai, Xena! Me mate como matou meu pai! – disse Kleoni.
- Eu não matei seu pai! Já disse!
- Matou! O amigo de meu pai não mentiria! – dizendo isso, Kleoni, possuído pelo ódio, consegue dar um chute nas costas de Xena, que cai atrás dele. Rapidamente, Kleoni se levanta e pega sua espada que estava ao seu lado no chão. Ele fica na posição que anteriormente Xena ocupava. Agora era ela que tinha uma espada lhe cutucando o pescoço.
- Kleoni, não a mate! Vamos sair daqui! – grita Atis, que aparece na sala onde eles estavam. Kleoni olha para ela e Xena consegue se livrar dele, tirando sua espada. Com seus golpes de pressão, Xena o imobiliza.
Pela porta da escola, chega Cleis, acompanhada de Eva.
- Bem na hora... – diz Gabrielle, aliviada.
- Eva? – diz Xena surpresa.
- Somente Eva pode mostrar a verdade para Kleoni. – explica Gabrielle.
Imobilizado pelos pontos de pressão, Kleoni não consegue se mexer. Eva chega perto dele e põe a mão em sua testa, lhe mostrando a verdade.
Kleoni tem, então, a visão de Callisto trocando de corpo com Xena e, logo depois, matando seu pai. Ele começa a chorar e diz:
- Eu vi! Eu vi a verdade! Então, foi a própria Callisto quem matou meu pai.
Xena desfaz o golpe e Kleoni começa a se recuperar. Eva então lhe fala:
- Kleoni, eu sinto que você é um bom homem, mas se deixou guiar pelo ódio. Você ainda pode salvar sua alma.
Atis vai ao encontro de Kleoni e o abraça, dizendo:
- Vamos sair daqui, meu amor! Temos tanto o que viver ainda. Vamos embora de Lesbos, começar uma nova vida. É você, só você que eu amo.
Ele abaixa a cabeça, reflete um pouco e concorda.
- Viu? Meu plano foi melhor que o seu, Xena. – diz Gabrielle, durante o banho.
- É. Tenho que admitir. Você aprendeu bem. – Xena sorri, enquanto esfrega as costas de Gabrielle – Vamos logo, temos uma festa pra ir!
Xena sai da água e logo se arruma. Gabrielle decide ficar mais um tempo.
A escola de Safo estava toda decorada, com todas as suas alunas e amigos na grande festa que decidiu dar depois da partida de Atis e Kleoni. Safo ficou com um leve ferimento no ombro, estava bem para a festa.
Eva vai chamar Gabrielle no quarto:
- Você não vem? Não pode se atrasar para o grande anúncio!
- Estou indo... que anúncio? Safo vai recitar um poema? – quis saber Gabrielle.
- Quase isso... Nossa, você está linda! Minha mãe vai adorar! – diz Eva, encantada, ao ver Gabrielle usando o vestido que havia comprado.
Chegando no salão de festas, Gabrielle não encontra Xena e pergunta para Eva:
- Cadê a Xena?
- Lá! – responde Eva, apontando para o palco principal.
Gabrielle não entende o que se passa até que Xena começa a falar:
- “Ditosa que ao teu lado só por ti suspiro! Quem goza o prazer de te escutar,
quem vê, às vezes, teu doce sorriso.
Nem os deuses felizes o podem igualar.
Sinto um fogo sutil correr de veia em veia
por minha carne, ó suave bem querida,
e no transporte doce que a minha alma enleia eu sinto asperamente a voz emudecida.
Uma nuvem confusa me enevoa o olhar.
Não ouço mais. Eu caio num langor supremo; E pálida e perdida e febril e sem ar,
um frêmito me abala... eu quase morro... eu tremo.” *
Gabrielle se emociona com o poema recitado por Xena e lágrimas e sorrisos lhe cobrem o rosto. Xena continua:
- Gabrielle, o outro poema que eu te dei e não tive a coragem de ler pra você era só o começo da minha declaração, que decidi tornar pública, para que todos saibam o que eu sinto por você. Com mais este poema de Safo, quero te dizer que você é o meu bem mais precioso, é o ar que eu respiro, é a minha paz, minha luz, minha inspiração, enfim, é o meu amor... E eu te amo!
Gabrielle corre ao palco e sobe, abraçando Xena fortemente e diz:
- Eu também te amo, Xena! Sempre te amei! Você é o meu porto seguro, a minha vontade de sempre seguir em frente. Você é o meu desejo mais secreto, que agora deixou de ser secreto. – ela começa a rir, acompanhada por Xena.
Todos no salão aplaudem felizes, sorrindo. E a festa se inicia com as alunas de safo tocando seus instrumentos. Todos começam a se divertir, dançando e cantando, sem notar que Xena e Gabrielle saem do palco.
- Mas este não é o nosso quarto, Xena. – diz Gabrielle, ao ser levada por Xena para um outro quarto, ainda do lado de fora, em frente a porta.
- Por esta noite, será! – Xena a pega nos braços e abre a porta do quarto.
Gabrielle não acredita no que vê. O quarto está todo decorado nas cores azul e verde, iluminado por velas espalhadas por todas as partes.
- São as cores dos nossos olhos, Xena... – deduz Gabrielle.
- Isso mesmo. Pedi para Safo decorar da maneira que ela achasse mais conveniente para nós. Ela acertou em cheio, não foi? – disse Xena, sorrindo.
- Foi sim! – concorda Gabrielle, olhando para cima – Ei, não tem teto!
- É para olharmos as estrelas enquanto nos amamos. – explica Xena.
Gabrielle olha para a cama, repleta de pétalas de rosas vermelhas. Pétalas de rosas amarelas formavam o desenho do yin yang.
- Xena, é lindo!
- Você que é linda! – ao dizer isso, Xena pega duas taças, do mais fino cristal e lhes enche do mais saboroso vinho, entregando uma delas na mão de Gabrielle.
Elas brindam e Gabrielle diz:
- Às almas gêmeas!
- É... almas gêmeas.
Olhando-se fixamente, as duas se perdem uma no olhar da outra, as taças caem de suas mãos, seus corpos já não lhes obedecem aos comandos. O desejo torna-se maior e seus rostos de aproximam cada vez mais até que seus lábios se tocam, encontrando a plenitude. Suas almas se completam naquele beijo apaixonado e a junção de seus corpos tão colados são como um único ser, perdido de tanto amor.
Com a certeza de que já não precisavam esconder mais nada de ninguém, Xena e Gabrielle se amam como jamais se amaram antes, tendo como testemunhas apenas a luz do luar e das estrelas.
*dos fragmentos de um poema de Safo chamado ‘A Uma Mulher Amada’ (tradução de Joaquim Fontes)
extraído de: http://kplus.cosmo.com.br/materia.asp?co=18&rv=Literatura
por Math Pitbull