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Diário de Gabrielle - Provando a Teoria GabLes - Academia de Atenas


Veja antes:






"Ai, pergaminho, não sei o que dizer, nem o que pensar, e muito menos o que fazer...

Você não faz ideia do que me aconteceu nesses últimos dias. Mas me deixa respirar que já te conto tudo. 

Então, meus pais, como sempre, me perguntaram o que eu queria ganhar de aniversário e eu pedi para que eles me deixassem tentar entrar na Academia de Atenas. Foi muito difícil convencer meu pai, ainda mais que ele disse que Perdicas teria tanto direito quanto ele em decidir sobre isso. Eu falei que tinha tudo o que era preciso para ir à capital, lembrei-os da herança deixada por Nestor para mim e ainda que ser uma barda não me impediria de ser também uma boa esposa, mãe e dona de casa. 
Minha mãe apoiou logo a ideia. Meu pai, como sempre, se manteve um tanto relutante, mas por fim, também permitiu. O problema agora era convencer Perdicas a me deixar ir e ir sozinha. Meu pai disse que eu só poderia ir com Perdicas, mas quem disse que eu queria ele no meu pé o tempo todo? Não mesmo!

Arrumei minhas coisas e deixei escondidinhas debaixo da cama. Fui ver Perdicas, mas nem toquei no assunto. Se ele soubesse, iria criar caso, com certeza. Eu falei pra ele que durante o meu aniversário de 15 anos eu ficaria dentro do templo de Deméter em retiro, para pedir prosperidade e uma família feliz, e que gostaria que ele fosse comigo. Perdicas ficou meio assim, mas adorou a ideia. Eu o convenci que faria isso por nós. Como é fácil enganar Perdicas, pelos deuses! Como é ignorante esse homem!
Ele foi logo correndo pra casa para arrumar algumas coisas, pois eu lhe disse que partiríamos para o templo, na cidade de Elêusis, pertinho de Atenas, na manhã seguinte. Eu sabia que havia um templo em honra a deusa Deméter no caminho para Atenas, pois vi nos mapas e anotações de Nestor. 

Ao retornar para casa, disse para meu pai que Perdicas aceitou que eu fosse para a Academia e que iria comigo de bom grado. Meu pai engoliu... 

E no dia seguinte estava eu já do lado de fora da minha casa bem cedo esperando por Perdicas. Detesto ter que esperar, mas como sair sem ele? Meus pais ficaram de butuca até que Perdicas aparecesse. Finalmente, ele chegou, numa carroça puxada por Castilho, o fiel cavalo de Nestor. Me despedi de meus pais e Lila e fui logo subindo na carroça, antes que Perdicas abrisse a boca e entregasse meu plano ou que meu pai começasse com suas infinitas recomendações e acabasse também estragando tudo o que eu havia planejado.

Pegamos a estrada em direção a Atenas e Perdicas estava crente que ficaríamos por dias trancafiados no templo de Deméter... Que bom que os deuses o privaram de inteligência.
Foi cansativo e demorado, muito demorado, mas finalmente chegamos ao templo. Eu desci da carroça e disse à Perdicas que ficasse ali me esperando. Entrei lá e fui ter com o sacerdote. Eu disse à ele que meu noivo e eu precisávamos nos purificar e que era preciso que ficássemos separados. O sacerdote, muito prestativo, atendeu o meu pedido e mandou preparar duas pequenas tendas dentro do templo, uma para mim e outra para Perdicas. 

Enquanto isso eu fui lá fora e disse para Perdicas que nós teríamos que ficar separados por todos esses dias e que nem nos falar nós poderíamos, e muito menos nos ver. Ordens do sacerdote. E ele acreditou.
Agora ele entrou comigo. As tendas estavam armadas e cada um entrou na sua. Ambas tinham aberturas na frente, permitindo que pudéssemos ver a estátua da deusa apenas. E foi durante a noite que eu fugi. Pude ouvir os roncos de Perdicas de longe e aproveitei a chance. Peguei Castilho e a carroça e parti para Atenas... Confesso que fiquei com muita dó de meu noivo, mas era meu sonho que estava em jogo! 

Cheguei em Atenas pela manhã e fui logo tratando de encontrar a Academia. Perguntei aqui e ali e finalmente cheguei lá. Pelos arredores haviam muitas pessoas, que lugar lindo! Muitas flores, construções ricas em detalhes, nossa, parecia outro mundo! 
Desci da carroça sem ver que alguns jovens passavam e cai em cima de uma garota. Ela me xingou e eu levantei rapidamente morrendo de vergonha. Estendi a mão e a ajudei a se levantar, pedindo-lhe mil desculpas. Ela entendeu que eu estava meio perdida e se propôs a me ajudar. 
Seu nome era Madalin. Assim como os outros que estavam com ela, seu jeito, roupas, cabelo, tudo, era muito diferente dos jovens de Potédia. Me senti uma idiota no meio deles. 
Um senhor muito bem vestido passou e ficou olhando com ar de reprovação e disse "Não sei porque estão aqui perdendo tempo!"
Madalin iria xingá-lo, mas um de seus amigos tapou-lhe a boca, dizendo "Não diga nada, Madalin. Só vai nos prejudicar ainda mais."

Eu quis saber o que estava acontecendo e Madalin me explicou que os mestres da Academia não viam com bons olhos a ela e seus amigos, que era melhor eu nem ser vista com eles, para que eu não me prejudicasse. Mas eu nem quis saber. Eles eram muito legais, principalmente Madalin, que era tão diferente de todas as garotas que eu já vi na vida. 

Foi ela que me colocou dentro da Academia para que me avaliassem. Eu estava agradando, mas aquele senhor de outrora chegou e começou a dizer que eu andava com a Turma de Bacco. Era assim que Madalin e seus amigos eram chamados. Aquele dia não deu em nada... 

Durante a noite, sem ter onde ficar, Madalin me chamou para ficar com ela e os outros na taverna em que estavam. E lá fui eu. Não haviam muitas camas e Madalin propôs que eu dividisse a cama com ela. Por mim, tudo bem, não fosse o que aconteceria depois...

Sem que eu tivesse tempo para evitar, logo que adormeci, senti o braço de Madalin a me envolver. Na hora, achei até normal, pois Lila e eu já dormimos assim várias vezes, mas com outra garota jamais aconteceu isso e eu me virei, já sem sono. Madalin não tirou o braço de cima de mim. Eu comecei a ficar nervosa sem entender a razão. Estava meio escuro e eu só pude sentir o braço de Madalin se mover e sua mão vir de encontro ao meu rosto. Foi quando senti um calor se aproximando de minha boca. Era a boca dela... Madalin me beijou de repente e eu fiquei assustada. Ao primeiro momento, permiti, mas em questão de segundos, a empurrei, me levantei e saí correndo pra rua. Aquilo não estava certo. Uma garota me beijou... Que estranho! Mas foi diferente e eu fiquei lá fora sem entender e ao mesmo tempo fazendo comparações entre o beijo dela e os beijos que Perdicas me dava. 
Deuses, que vergonha! Como olhar pra Madalin no dia seguinte? Eu não conseguiria...

Também não senti borboletas no estômago com o beijo dela, mas também não foi ruim. Não posso negar, eu gostei. Não sei dizer se foi ou não foi melhor do que beijar Perdicas, mas não foi ruim, disso eu tive certeza.

Fiquei a noite toda pensando no que acontecera. Não consegui mais entrar na taverna. O dia amanheceu e logo senti uma mão a me afagar o ombro. Era Madalin. Ela sentou-se ao meu lado e me pediu desculpas, dizendo que não costuma agir assim com todas, apenas com aquelas que realmente a atraem. Aí eu disse que aquilo era errado, que ela deveria ter um namorado e que parasse de beijar garotas. Então ela me disse que não iria seguir as regras impostas por uma maioria só por ser a maioria, e sim que ela vivia de acordo com a sua consciência. E por fim me disse que se eu continuasse vivendo como os outros queriam eu jamais chegaria a lugar algum. 
Foi então que eu me dei conta que eu vivia de modo errado, que eu vivia de acordo com o que meus pais queriam e não como eu queria. Em agradecimento, senti vontade de beijá-la e a beijei. Segurei seu rosto e lhe tasquei um beijo rápido, mas que foi suficientemente extenso para que os mestres da Academia pudessem ver e dizer "Menina, você não é normal! Aqui nesta Academia de respeito, você não terá chance! Suma-se daqui!"

Pronto, perdi a oportunidade de entrar na Academia de Atenas, mas tive a oportunidade de encontrar a mim mesma. Madalin me abriu os olhos. Agora, só me faltava coragem para encarar a realidade de minha vida e de meus sentimentos.

Fui embora... 

Cheguei ao templo de Deméter e encontrei Perdicas dentro da tenda, dormindo. Não perguntei, mas acho que ele dormiu durante todo o tempo em que eu estive fora. Ele nem se deu conta de que eu não estava lá. Ao sairmos do templo, ele tentou me beijar, mas eu não consegui. Ele achou estranho e eu disse que não o beijaria em frente ao templo da deusa, que seria desrespeitoso com ela. Voltamos para casa... 

Meus pais perguntaram como foi na Academia e tudo o que eu tinha preparado na minha cabeça para dizer, ou seja, a verdade sobre mim e sobre o que eu queria para minha vida, caiu por terra no momento em que seus olhos estavam virados para mim. Minha coragem foi toda por água abaixo e eu disse o que eles queriam ouvir "Decidi que meu destino é ficar com Perdicas aqui, me casar, ter filhos lindos e ser uma esposa exemplar."

Eles vibraram e eu me corroí por dentro. Por que sou tão covarde quando a questão sou eu? Por que, pergaminho? Por que?... "





por Matheus Pitbull




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