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FanFic - I'll Never Leave You - Capítulo I



por Caroline Pessoa






           Era mais um dia que amanhecia naquela floresta, o sol banhava com sua luz mansa as árvores e acordava cedo os pássaros. Podia-se ver um sinal de fumaça em algum lugar do manto verde. Ao redor da fogueira morta, duas moças dormiam. Uma delas era alta e morena. Tinha cabelos longos negros iguais a piche e um belo par de olhos azuis metálicos tão brilhantes quanto à espada que jazia ao lado da armadura e de outra arma singular – um arco feito de ferro, cortante na parte externa e na superfície havia detalhes gravados que se destacavam em dourado. A outra mulher era duas cabeças mais baixa e loira. Seus olhos também azuis expressavam a suavidade de seu espírito. Diferente da primeira, não tinha a ferocidade de uma guerreira, mas sim uma envolvente aura pacífica.
         - Acorda Gabrielle – Levantou Xena assim que sentiu os primeiros raios da manhã tocarem o seu rosto. Ao levantar, demorara cerca de cinco segundos olhando o rosto de Gabrielle ainda adormecida. Uma pontada de angústia apertou o peito de Xena, entretanto não se demorou em seus pensamentos e logo levantou.
         - Hum – Gabrielle resmungou num visível sinal de mau humor e preguiça matinal.
         Xena encaminhou-se para o rio próximo, despiu-se e mergulhou nas águas ainda geladas. Lavava-se despreocupadamente, mas sempre se lembrando de captar qualquer movimentação na floresta. Além dos passos de Argo a procura por ervas comestíveis, ouvia-se o som dos pássaros bagunçarem as calmas folhas das árvores. Xena estava parada em uma parte funda do rio relembrando o sonho que tivera na noite passada e da grande perturbação que a realidade dos fatos vividos causava.
         Imóvel na água, ela concentrou-se para caçar o café da manhã. Um minuto depois agarrara com as próprias mãos um peixe enorme que se sacudia freneticamente. Com os olhos ainda fixos no nada, Xena sufocava o peixe fora da água. Ela saíra do transe quando ouviu um galho quebrar-se lembrando de destrincar os dentes e não esmagar o peixe entre as mãos.
         - Xena – Gabrielle aproximara-se esfregando os olhos por causa da claridade – eu dormi como uma pedra e acordei faminta. O que temos para hoje?
         - Ele - Xena erguera o peixe no ar, sacudindo-o.
         Gabrielle girou nos calcanhares e voltou para o local da fogueira enquanto Xena vestia-se novamente. Ela voltou a passos largos e encontrou Gabrielle numa inútil tentativa de acender o fogo.
         - Por que isso não acende logo? – Perguntou Gabrielle irritada.
         Xena dera um sorrisinho pretensioso.
         - É por que você não está atritando as pedras corretamente. – Ela agachou-se e tomou das mãos de Gabrielle as pedras. Aplicou uma técnica simples acendendo o fogo sem dificuldade – É assim que se faz.
         Gabrielle lançou um olhar que Xena poderia considerar mortal se ela representasse algum perigo.
         Ao terminarem a simples refeição, Xena assobiou a procura de Argo. Gabrielle juntava a pouca bagagem, apagava o resto de fogo espalhando as cinzas e entregou a Xena uma bolsa de couro surrada para que ela colocasse na sela de Argo. As duas caminhavam pela estrada da Floresta das Amazonas e Gabrielle tagarelava como de costume sobre os grandes nomes do Teatro Grego. Contudo, Xena mantinha-se alerta, pois mesmo que elas fossem amigas das Amazonas era preciso cautela por serem guerreiras extremamente hostis.
         - Você concorda comigo? – Gabrielle perguntava alguma coisa sobre “Édipo Rei”.
         Xena apertou os olhos um instante e apurou os ouvidos para escutar ruídos não captados por sua companheira.
         - Espere, Gabrielle – a moça loira parara de falar para prestar atenção em movimentos invisíveis em cima das árvores.
         De repente várias mulheres jovens desceram com cordas de cima das imensas árvores, vestidas com saias de couro de veado e penas de pássaros exóticos nas bordas para exaltar a feminilidade. Os braceletes e o busto eram de couro de porco-do-mato, usavam colares com dentes de animais, botas e máscaras peculiares. Elas eram atléticas, traziam à mão lanças, arco e flechas, espadas, adagas e escudos que exibiam perigosamente às duas invasoras, caso tentassem resistir. Mas não haveria resistência.
         Xena levantou os braços para o alto e num gesto simbólico de paz declarado às Amazonas, juntou as mãos e ajoelhou-se. Gabrielle também sabia o que fazer. Não lhe era estranho aquele sinal – um dia foi a rainha daquelas mulheres. Consideradas selvagens e mortais, as amazonas eram vistas como umas das mais temíveis inimigas para os grandes imperadores e senhores da guerra que a todo custo tentavam conquista-las e as suas terras. Ninguém nunca conseguira prendê-las, até onde se sabe os exércitos quase sempre recuavam com um déficit impressionante de homens mortos.
         - Abaixem suas armas! – Disse uma delas adiantando-se – Conhecem o código amazona de paz – A moça loira de cabelos cacheados era estonteante e exibia um físico de guerreira impecável tal qual suas irmãs. – Quem são vocês?
         - Velhas amigas das amazonas – disse Xena.
         - Amigas? – Indagou a moça.
         - Sim... Lutei muitas vezes ao lado das amazonas para ajudá-las – disse Xena tentando convencer a outra.
         Elas entreolharam-se e decidiram acreditar.
         - Eu me chamo Leah. Sejam bem vindas.
         - Eu sou Xena e ela...
         - Me chamo Gabrielle – adiantou-se.
         As amazonas entreolharam-se espantadas. Nas lendas da tribo, o nome de Xena e da princesa Gabrielle era mencionado com frequência quando as mais velhas reuniam-se para contar as histórias do passado para as novas gerações.
         - Levaremos vocês até a rainha. – Disse Leah. – Acompanhe-nos.
         O grupo caminhou até a tribo das amazonas. Era um grande vilarejo de tendas feitas com folhas de palmeiras, madeira e pedras. Aqui e ali se encontravam jovens e adolescentes sendo treinadas, as mais adultas lutavam entre si. Algumas mulheres carregavam enormes cestos com comida, outras escovavam os cavalos. Aquela era uma pequena nação de mulheres guerreiras que lutavam pela vida e pela própria independência em um mundo de homens.
         - Saúdem a nossa rainha Hélade! – Leah gritara para que todas ajoelhassem em sinal de respeito.
         A rainha usava uma máscara em forma de pássaro com penas longas. Vestia uma saia de couro, busto decotado e botas. Carregava consigo um cajado, simbolizando o seu poder. Ela retirou a máscara saudando a Xena e a Gabrielle.
         - Sejam bem-vindas à nossa tribo! – Disse a rainha em tom amistoso. – É bom ter conosco grandiosas lendas do passado. Mas como é possível que vocês estejam tão...?
         - Em forma? – Disse Xena. – É uma longa história. Muita coisa mudou por aqui... – ela observava a tribo.
         Hélade convidou Xena e Gabrielle para verem o quanto a tribo havia crescido aumentando seu número de guerreiras e o arsenal. A rainha discutia sobre o momento de paz que viviam as amazonas com os centauros e romanos. O novo imperador de Roma, Otávio Augusto, prometera paz e respeito ao território delas. Os centauros tinham um novo chefe que também havia aceitado a paz entre eles e as guerreiras.
         - Nós crescemos muito – disse a rainha – a população amazônica estendeu-se desde a nossa última guerra contra César, a minha mãe participou da batalha. Enviamos um tratado de paz para o imperador formalizando e selando o nosso compromisso.
         Xena lembrava-se muito bem da terrível luta contra o exército romano, mas depois da morte de César um período de ordem e paz fora criado. Lembrou-se do passado e da crucificação. Os gritos de Gabrielle não deixaram de ecoar em seus ouvidos.
         - Vocês vieram para ficar conosco? – Perguntou Hélade ambicionando por uma resposta positiva de Xena.
         - Não... – disse Xena – estamos indo para minha terra natal, Anfípolis.
         - É uma pena – disse Éfine. – Bom, mas vocês poderiam ficar conosco esta noite ao menos.
         Gabrielle olhara com tanta súplica nos grandes olhos azuis que Xena não teve alternativa.
         - Claro – sorriu duro.
         Durante o jantar, Gabrielle encontrou um olhar de significativa preocupação de Xena.
         - O que houve? – Perguntou distraidamente.
         - Hum? – Pigarreou. – Nada.
         - Ficou chateada por eu ter insistido, não é?
         Xena franziu as sobrancelhas.
         - Não... – olhou para os pés descalços – Sei que gosta daqui. Eu também... Não se perturbe. Eu estou bem – olhou para os pés.
         Gabrielle percebeu a mentira, mas decidiu não sondá-la por hora.
         - Tudo bem... – voltou a atenção para o peixe.
         - Eu vou dar uma volta para olhar a Argo, ok? – E saiu.
         Um tempo depois que voltou, ela encontrou Gabrielle adormecida entre os seus pergaminhos.
         Xena sorriu de leve e deitou-se ao lado de Gabrielle.
         - Eu não sei o que faria sem você... – Ela afagou o rosto de Gabrielle e depois beijou-a de leve no canto da boca, inclinando-se para as estrelas.




Quinta-feira, Segundo Capítulo!


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