Novo Universo
O RETORNO DA LENDA
A viagem de navio parecia interminável, quando uma
tempestade fez-se presente e quase afundou a nau, todos incansavelmente
trabalhavam para manter o lugar limpo e na medida do possível confortável para a
única passageira a bordo, enquanto isso Gabrielle procurava ficar em sua cabine
para não atrair os olhares masculinos sobre ela. Os pensamentos e as
recordações se misturam deitada em sua cama ela sonha com sua amiga, cenas de
aventuras passadas se alternam com flash de sua morte, “é um pesadelo” se
debatendo tenta acordar em vão, uma luta é travada no campo do inconsciente, de
repente a imagem de Eva, (filha de Xena) ainda garotinha surge, a carroça
explodindo perigo, perigo estamos caindo... Xena... Xena com uma forte explosão
a poetisa acorda e volta à triste realidade, respirando fundo, três vezes, ela
inspeciona o lugar com o olhar “ainda estou no navio, graças aos céus”, se
levanta procura e acha a urna com as cinzas de Xena, abraça a urna como se
pudesse protegê-la “onde será que Eva estar agora” lembra a última vez que a
viu, em uma aldeia amazona onde quase fora morta e mais uma vez as duas
(Gabrielle e Xena) enfrentam todas as hostilidades por parte das amazonas para
proteger a garota.
Lentamente ela caminha por sua cabine na
esperança de ordenar seus pensamentos, fecha os olhos e esfrega as mãos uma na
outra, reconstrói mentalmente as palavras de Nebamun o sacerdote egípcio, ele
ensinou para ela alguns feitiços para trazer Xena à vida novamente, a princesa
guerreira voltaria do mundo dos mortos? Gabrielle pondera, todos os seus
instintos gritam para que ela tenha cuidado com o desconhecido, sim ela já se
tornara xaman quando enfrentou Alti a bruxa xamanesa, no tempo em que Xena
estava grávida, porém agora sozinha as dúvidas assaltavam seus pensamentos,
procura a concentração e a imagem de Eva outra vez aparece segurar aquela
criança doce nos braços era a realização do sonho de família, “Xena, Gabrielle
e Eva” soava bem, sorri, contudo seu sorriso não expressa felicidade e
novamente é invadida pela tristeza e amargura que ataca até sua alma “preciso
encontrar Eva, para lhe contar sobre a morte de sua mãe” considera esta
possibilidade como um ato de esperança, afinal, Eva pertence também à família.
Depois de alguns dias de viagem finalmente ela aporta
em seu destino final, se despede carinhosamente com abraço ao capitão da nau
que a levou para o Egito e por meio dele obteve o regresso.
- Obrigada por tudo. – a poetisa abraça e agradece humildemente
lembrando-se de todas as adversidades, que vivera nos últimos dias e que aquele
capitão de tudo fez para superar, proporcionando a Gabrielle uma boa viagem.
- Boa sorte em sua nova jornada. – ele retribui
o abraço com devido respeito, na separação segura as mãos dela entre as suas e
diz. – Espero que encontre o que procura, á esperança é última lâmpada que não
pode ser apagada.
Um sorriso amarelado surge na face Gabrielle, sem
olhar para trás, se afasta do capitão, sem demora se encaminha para o centro da
aldeia, seu olhar meio perdido luta acreditando que no final o amor vencerá,
pois só ele, o amor é imortal em toda a sua essência. Enquanto isso na cidade
de Patras, esta sendo
realizada uma grande feira da cultura, pessoas de diversas áreas circulam por
Patras procurando oportunidades de emprego, que através da feira foi criada.
Gabrielle apenas observa tudo sem que nada chame sua atenção,
vasculha olhando ao alto todas as construções presentes e procura uma taverna
para comer, beber e descansar um pouco. Ao entrar, escolhe uma mesa ao canto
tendo a parede as suas costas, com a visão privilegiada visualizando com
nitidez a entrada do estabelecimento, coloca sua escassa bagagem sobre a
cadeira quando o dono do local vem atendê-la.
- Em que posso servi-la. – ele lança um olhar de quase desdém, pois
acredita que os guerreiros são as criaturas mais desprezíveis da face da terra
e só traz prejuízo para o seu local de comércio, seu ganho, disfarça sua
empatia e oferece o cardápio.
De olhos baixos ela aceita e faz o seu pedido, procura o que quer comer.
- Um... Deixe-me ver, uma sopa de miúdos de galinha acompanhada de
pedaços de pão, vinho e um quarto para descansar. – olha para seu atende,
entrega o cardápio e agradece.
- Obrigada, é só isso.
Saindo, ele providencia a refeição de sua cliente que degusta tudo sem
problemas, por fim Gabrielle paga ao dono da taverna cinco dinares e se
encaminha para o quarto situado acima do estabelecimento, acompanhada por uma
jovem que a observa com grande vivacidade. Sobem juntas, um lance de escadas
com onze degraus.
- Se pudesse, queria também ser uma grande guerreira. – a menina expressa
sua opinião na esperança de ser ouvida, fixa seus grandes olhos verdes em
Gabrielle. – Desde menina aspirava por isso, pelos deuses... - se anima com a
própria voz – daria minha vida para ter a mesma vida que você tem as aventuras,
o perigo. – é possível sentir uma verdadeira fascinação em sua voz infantil.
A Rainha Amazona olha com certa doçura para aquela inocente criatura e
desabafa.
- Se ama sua vida, tenha orgulho do que é agora, a guerra, a disputa, não
enobrece a alma, só o amor salva, constrói e fortalece o que quebrou, pode não
entender o que falo nesse momento, mas com o passar do tempo entenderá.
A garota que aparenta não mais que quinze anos de idade se mostra
frustrada com aquela inesperada resposta vinda de uma guerreira, ela dar de
ombros, remexe os lábios num vai e vem, chegando finalmente ao quarto tão
esperado pela poetisa, a menina destranca o aposento que aparenta está fechado há
muito tempo á julgar pelo odor de poeira. A garota permite que a poetisa entre e se
afasta com discrição, fechando a porta atrás de si. Ao entrar Gabrielle joga
suas coisas no chão e a passos lentos chega até a cama, experimenta sentando e
sentindo algum desconforto levanta se agacha e lembrando-se da urna que estar
na sacola que carregava junto ao peito, com remorso rapidamente vasculha busca
o objeto em questão achando-o em perfeito estado.
- Graças aos deuses, estar inteiro, - abraça com força a urna. - Não me
perdoaria... – começa a soluçar quase num choro. - Não me perdoaria... Se algo
acontecesse com ela. – olha firmemente para aquele objeto de esperança. – Estar
segura agora Xena.
Caminha outra vez na direção da cama, agora nem dar por conta do
desconforto anterior, deita-se abraçada com a urna e deseja ser agraciada com
belos sonhos. Sem perceber mergulha em mais de seus sonhos dourados. Sonha
então com a imagem de Eva - Lívia que aos poucos se misturam formando um
pesadelo “Xena me salve” em seus sonhos ela estar quase caindo e estende a mão
para a princesa guerreira que tenta alcançá-la, mas Lívia surge e tenta
matá-la, ela em um impulso se agarra em uma corda e alcança a superfície, pega
seus sais e se aproxima de Eva - Lívia para dar cabo de sua vida, Xena corre
para impedi-la, contudo mais rápida Gabrielle derruba Eva – Lívia com uma
rasteira levando a herdeira de Xena ao chão enquanto a poetisa se aproveita da
situação e quando se prepara para desferir o golpe final tendo os sais em
posição de ataque ela olha para trás e ver Xena gritando “NÃO”, ao mesmo tempo,
que tudo ao seu redor congela.
- É o que realmente seu coração anseia? –
pergunta o arcanjo Miguel, a uma Gabrielle completamente desnorteada pelo
acontecimento.
Parece não acreditar em seus olhos, “estar
realmente vendo o que pensa que estar não, nada é verdade, estou só sonhando”
acrescenta em seu intimo na esperança de entender algo. O arcanjo Miguel de pé
encara Gabrielle sua armadura reluzente demonstra que sua missão é de grande
importância, balança a cabeça desejando responder as inquietações de sua
sonhadora.
- Isso parece, mais não é um simples sonho, eu
estou realmente aqui para realizar uma ordem de meu Senhor, Deus Todo Poderoso.
- Gabrielle encara com grande desconfiança, incrédula reza em seu coração para
tudo terminar e que ela possa acordar.
Novamente Miguel intervém se aproximando dela o
bastante para sussurrar em seu ouvido, agarrando seu braço com gentileza.
- Eu te afirmo isso não é um sonho, e trago
boas novas para você, tenho ordens para que retornes para um lugar importante,
um acontecimento que marcou a sua vida e de Xena, todavia só terá uma única
chance. – com os dois dedos em ristes Miguel se afasta de Gabrielle para dar espaço
para pensar na oferta.
Esfrega os olhos com as mãos procurando
despertar do que julga ser um pesadelo, “não Miguel nunca me ofereceria tal
coisa, com certeza deve ser Lúcifer com seus truques baratos”, esse pensamento deixa
seu coração em alerta. Ao passo que o arcanjo permanece intacto diante dela e
sorri com brandura cruzando os braços sobre o peito.
- Não tema Gabrielle, sou eu mesmo Miguel e se
estou aqui não é por vontade própria, pode acreditar. – enfatiza suas palavras
ao máximo.
- O que quer de mim afinal, Xena estar morta,
Eva não sei onde estar, e quanto a mim... Estou no fim. – tristeza nas
palavras.
Outra vez Miguel se aproxima pega gentilmente
suas mãos e as segura perto de seu peito.
- Poderá escolher qualquer passagem na vida de
vocês e verá A VIDA novamente fluir, o que meu Senhor promete, ele sempre
cumpre.
Com os olhos marejados, ela tenta se conter e
abre seus ouvidos para escutar aquela proposta aparentemente louca, mas vira
outrora tudo o que Eli realizou tendo como base a fé no Senhor do amor, que
atualmente ela própria desconhecia, a respiração parece mais pesada ela fecha
os olhos na esperança de que Miguel desapareça “não pode ser verdade...
simplesmente não pode ser verdade”, parecendo tudo pressentir Miguel olha para
ela balança a cabeça novamente e em suas mãos, agora livre das de Gabrielle,
surgem duas imensas bolas de fogo que aos poucos sobem diante dos olhos
arregalados da poetisa.
- Escolha... Escolha a passagem que deseja
retornar. Escolha, Gabrielle a passagem que deseja retornar. – abrindo os
braços Miguel sorri e fecha seus olhos.
Em seu intimo Gabrielle recorda o exato momento
que deseja com todo ardor poder voltar, fechando seus olhos acredita firmemente
na presença divina, “sim, estranho ele não me pediu nada em troca, como minha
alma, e sinto... que uma grande paz inundava meu ser”, em seus lábios um
sorriso de esperança surge e ela se sente confortada.
- Vá Gabrielle e se lembre o meu Senhor não
toma nada, Ele recebe de bom grado tudo o que lhe oferecido, o livre arbítrio é
seu e, além disso, “A bondade do Senhor é tão grande sem confim e se estende
por toda a terra”.
As bolas de fogo se misturam e rodopiam
envolvendo o corpo de Gabrielle em uma grande esfera de luz.
Ouvindo as últimas palavras
de Miguel, Gabrielle mergulha num mar de escuridão seus olhos busca com
sofreguidão a luz que teimosamente não aparece, “será esse então meu fim!”
Tudo aparenta tranqüilidade, quando de repente
ela estar novamente na carroça, com Xena guiando, sendo perseguidas ferozmente pelos
deuses, “não acredito em meus olhos Xena estar viva”, esfrega os olhos para
poder acreditar na sua visão sente desejo de abraçá-la fortemente, mas o
momento não é propício para extravasar seus sentimentos ela entende tudo o que
se encontra em jogo, a vida da pequena Eva e a chance finalmente de poder
criá-la, juntas, como uma família que há muito tempo ansiava em formar, quando
como um dejavu tudo acontece muito rápido como um cometa, a carroça cai e em
seguida explode Gabrielle é lançada longe, sente as mãos de sua amiga sobre si
ouve seu choro, mas não consegue se mexer, queria contar para ela que é na
verdade um dejavu, uma segunda chance para as três. Depois tudo se apaga
novamente a escuridão toma conta de tudo, “eu acredito, eu acredito” grita
forte dentro de si.
Nisso algo acontece, um grande estrondo precede
a certeza do milagre, pedras rolam e a luz vence a escuridão finalmente a
senhora liberdade assumiria outra vez o controle da situação. Gabrielle se
remexe em seu “sarcófago de gelo” suas mãos pequenas se moviam com aparente
dificuldade, seus olhos se abriram tentando se adaptar aquele local estuda com
cuidado onde estava e sim ela lembra, a realidade a pega de surpresa ela pôde
então ver a concretização da promessa feita através do arcanjo Miguel “Ele
cumpriu o que prometeu”, sorri consigo mesma dando-se conta de onde estava
afasta com dificuldade afasta a enorme pedra de gelo e, ao seu lado a princesa guerreira
que ainda dorme, “quanto tempo será que passou?” no mesmo instante Xena acorda
num átimo repentino ela também se levanta e também rompe a tampa de gelo, as
duas saem daquele sepulcro procurando se ajustar a nova realidade Xena por sua
vez não perde tempo pega suas respectivas armas, espada e chakram e as coloca
nos respectivos lugares de onde nunca deveriam ter saídos. Uma grande alegria invade
o ser de Gabrielle, a poetisa, olha para a princesa guerreira que só demonstra
grande preocupação com a segurança de seu bebê.
-Vamos Gaby, preciso buscar Eva. - Xena fala
preocupada.
Gabrielle por sua vez observa aquela mulher com
grande admiração, seus olhos brilham de felicidade, fato que passa despercebido
por sua amiga, no momento seu foco estar em encontrar outra vez sua filha
pequena. A poetisa compreende a situação e sabe que depois haverá tempo para
tudo, pois o mais importante ela conseguiu, que foi retornar. Não guardaria nenhum segredo para Xena,
contaria tudo desde a sua morte até o presente momento, mas por hora precisaria
manter o segredo, pois sabia que o momento oportuno chegaria e finalmente sua
tão sonhada felicidade tomaria forma, “uma família”, ao pensar nessa frase um
largo sorriso se estampa em seu rosto e seu coração se sente super aquecido. Em
seu pensamento um novo soneto se agrupa encontrando formas harmoniosas que mais
tarde ganharia vida em seus pergaminhos e novamente cantaria com mestria as
proezas da princesa guerreira e as contaria mais tarde para a pequena Eva.
A Princesa Guerreira cavalga sozinha
Seu passado lhe causa vergonha
Contra as forças do mundo das trevas
Ela luta por bondade, não fama
Trombetas anunciam sua vinda
Abram caminho para a Guerreira, viva!
Tambores marcam o ritmo
A princesa está de volta!
Caminhar juntas outra vez parecia longe da
realidade tal feito, mesmo que o caminho seja para trilhar mais uma aventura ao
lado guerreira de longos cabelos negros e olhos azuis tudo vale à pena, ela
esta linda em sua roupa de couro tão conhecida entre amigos e inimigos, tenta desviar
o olhar, retrair seus pensamentos e focar em sua nova missão de resgate, mas
Gabrielle sabe que terá que utilizar todas as suas forças para vencer mais uma
batalha, a do seu coração.
- Pelos deuses Gaby, temos que alcançar Octávio
logo, não se sabe quanto tempo às lágrimas de Celesta fez efeito em nós duas. –
Xena caminha com muita pressa ao lado de Gabrielle pensando na pequena,
preocupada ela não esconde a saudade que sente de sua filha.
- Não se preocupe vamos encontrá-la logo, tenho
certeza disso. – tenta tocar no ombro de Xena tentando consolá-la e ao mesmo
tempo alcançar-la
- Eva é tão pequena e tão frágil... – parando
aos poucos coloca as duas mãos na cintura e as mãos entre o rosto - Não me
perdoaria se algo acontecesse a ela.
- Xena acredite, vamos encontrar nossa filha.
Ouvindo as últimas palavras de Gabrielle, Xena
para definitivamente e a olha com intensidade, “será que ouvir direto”, a
Princesa Guerreira refleti, e sorri.
- “Nossa filha”, - um sorriso largo mostra seus
dentes perfeitos, ela segura sua companheira pelos braços e aperta com ternura
– Gabrielle foram às palavras, doces que escutei, nossa filha... Ela é nossa
filha.
As duas se entre olham por um longo tempo, os
olhos buscam ver a alma de cada uma, um aroma doce de folhas secas caindo no
chão anunciam a chegada da primavera, é possível ouvir os cânticos dos
pássaros, as mãos de Gabrielle se esticam para massageia o ombro de Xena com
extrema delicadeza que a essa altura mergulha nos cálidos olhos verdes de sua
amiga, as duas ficam como que paralisadas contemplando uma a outra, de repente
elas escutam um lamento de dor e à hora da candura encerra.
- Ouviu... Pssssss – Xena se afasta de
Gabrielle e retesa seu corpo para melhor obter um melhor resultado, coloca dois
dedo frente a sua boca para indicar silêncio que prontamente é obedecido pela
sua companheira.
O som aos poucos desaparece e levando consigo o
seu conteúdo.
- O que acha que era Xena?- Gabrielle agradece
aos deuses, ou seja, lá quem for que provocou aquele barulho, “tenho que me
controlar, tenho que me controlar”, diz para si mesma tentando buscar sobre si
controle.
Xena ainda permanece imóvel por um longo tempo seus
ouvidos treinados ficam atentos a qualquer movimento ou ruídos. Vira para
Gabrielle e a puxa pelo braço com força para continua a caminhar.
- Precisamos encontrar Eva, seja lá o que for
já foi. – encerra a conversa e retoma a caminhada com a poetisa ao seu lado. As
duas percorrem um longo trecho e por um tempo se encontram “perdidas”, Xena
parece não acreditar, olha ao seu redor procurando algo conhecido. Seus olhos
lutam e a dura realidade se apresenta.
- Estamos perdidas Gabrielle. – suas palavras
ressoam preocupadas.
- Vamos perguntar para alguém! – sugere
Gabrielle tentando confortar sua companheira de viagem.
Juntas continuam a caminhar até chegar a um
pequeno vilarejo.
- Senhora... – Gabrielle se aproxima de uma
anciã. – Onde estamos?
A pequena senhora rechochunda responde
desconfiada.
- No Sopé do Monte Etna.
- Monte Etna? Como... Como chegamos aqui. – Gabrielle
parece não acreditar.
Gabrielle e Xena se olham, a guerreira de
cabelos negros logo semicerra seus olhos e a raiva toma conta dela porque se
lembra de seu algoz.
- Ares... Ares, apareça, eu sei que você está
aqui, apareça.
- Me desculpe, mas Ares não é isto visto por
essas bandas desde que Xena a princesa guerreira morreu.
Xena não acredita em seus ouvidos. , uma bomba
parece explodir.
- O que disse mesmo!
- Sim, Xena a princesa guerreira morreu cerca
de um ano, todos sabem disso.
Xena empalidece “Eva, meu bebê”, uma mistura de
choro e raiva se apossa da princesa guerreira, sua garotinha havia sumido,
precisava reuni todas as suas forças para encontrá-la, Gabrielle percebe todo o
redemoinho que acontece no interior de sua amiga.
- Xena...
- olha-a no fundo dos olhos – Vamos encontrá-la não se preocupe, nós
duas vamos encontrá-la.
A guerreira aquiesce e aceita o conselho e o
conforto da poetisa, as duas se despedem da senhora rechonchuda.
- Xena preciso comer algo. – Gabrielle reclama
da fome que parece corroer suas entranhas leva suas mãos até seu estômago
demonstrando assim veracidade em palavras, Xena a olha com certa frieza queria
a qualquer custo encontrar sua pequenina e Gabrielle fala de comida, “será que
ela não entendia, a vida de Eva corria perigo de outra forma”, ainda assim ela
acata o pedido de sua amiga e adentra a taverna talvez encontrasse alguma
informação sobre Octávio, porém, algo logo lhe chama atenção aquele lugar
parecia um pouco sombrio e estranhamente vazio para àquela hora do dia que
certamente seria a hora da refeição do meio dia, “alguma coisa estava
acontecendo”.
- Onde será que estão todos? Gabrielle também
estranha o fato novo que se apresenta.
As duas caminham na mesma direção buscando uma
mesa vazia ou lugar um pouco mais confortável. Xena desvia a direção e se
encaminha ate o balcão enquanto Gabrielle se encaminha para a mesa ao fundo.
- Por favor, preciso de uma informação. – Xena
debruça sobre o balcão apoiando seus braços, fazendo o gesto de chamar o
taverneiro.
O homem gordo e pequeno leva um grande susto ao
reconhecê-la, fica paralisado não acredita em seus olhos que parece lhe pregar
uma peça.
- Não pode ser... Não pode ser... Vo...cê estaá
morta. – as palavras são balbuciadas em meio ao nervosismo, mãos tremulam num
misto de alegria e num certo medo, “serão elas fantasmas”.
Xena encara o homem buscando em sua memória a
lembrança daquele rosto que logo ganha vida dentro de suas lembranças. Logo
sorri dando a entender ao homem que tudo estava bem.
- Pireus é você mesmo, meu velho. - estende a
mão para ele que sem demora aperta a mão da guerreira buscando num misto de
alegria e veracidade.
- Xena, Xena pensei que estivesse morta, alias
muita gente acredita na sua morte. – finalmente fala abertamente e sabe que
fala com uma mulher viva, seu sorriso largo ilumina seu rosto que outrora se
mostrava sombrio. Ele se lança através do balcão para abraçar a velha amiga,
seu abraço é gentil e caloroso e encontra recepção em Xena. Gabrielle curiosa
ao ver tamanho abraço dar a volta e vai até o balcão para ver o que está
acontecendo, afinal, “porque aquele homem está aos abraços com Xena”, sentia
ciúmes de sua amiga?
Xena por sua vez, o abraça forte contra o peito
demonstrando toda a sua afeição, se afastando o examina procurando sinais do
tempo.
- Você está ótimo, não envelheceu um só
segundo. – graceja para seu amigo.
- Olha para você não estar morta como dizem,
hoje é um dia de comemorações – dando um salto retorna para trás do balcão
procurando bebidas. – Onde será que você estar... Onde estar.
Xena sorri na direção de Gabrielle ao perceber
sua chegada, seus olhos demonstram dúvidas e certa inquietação, ela balança a
cabeça procurando entender o que acontece exatamente, Xena estende o braço
esquerdo para acolhê-la convidando-a a se juntar, Gabrielle com um gesto de
cabeça aceita o gentil convite de sua amiga e senta-se ao lado dela.
- Este é Pireus um velho amigo, grande velho
amigo de longas batalhas, cavalgou comigo há muitos anos. – aponta para o
homem.
- Ouvir falar de você poetisa – ele grita dos
fundos para onde foi procurar a tão esperada bebida na esperança de comemorar o
retorno a vida de sua velha amiga – Gabrielle, não é – grita as últimas
palavras com orgulho.
As duas se entre olham e ao mesmo tempo sorriem
juntas, “nossa como é lindo seu sorriso”, ao perceber seus pensamentos ela
recolhe o sorriso repentinamente e cora baixa a cabeça e reza aos deuses na
esperança de que Xena não tenha percebido sua rápida mudança de humor, mas a
outra desvia o olhar de Gabrielle e se concentra em seu amigo Pireus, que volta
com as garrafas convidativas para a celebração.
- Gabrielle não é mesmo – continua com a
pergunta – ouvir muito falar de você e seus famosos pergaminhos, Gabrielle
poetisa e guerreira. – demonstra todo seu conhecimento.
- Poetisa e guerreira, eu gostei. – Xena
graceja mais uma vez, abre seu largo sorriso e coloca a mão direita sobre o
ombro de Gabrielle.
Gabrielle mais uma vez cora com o elogio da
amiga e desvia o assunto procura obter informações sobre o que aconteceu ali.
- Porque a taverna esta tão vazia parece um
cemitério. – enfatiza Gabrielle.
Pireus dar de ombros e olhando ao redor de seu
estabelecimento uma nítida tristeza o invade. Pensar que acerca de um ano
aquele local era cheio de vida, as mesas sempre cheias de clientes famintos e
sedentos, homens e mulheres freqüentavam o local que agora estava entregue as
moscas, sim é isso que a guerra trás, pobreza, fome e muita, muita miséria. A
taverna de Pireus era uma das mais movimentadas não que existissem muitas tavernas
a mais próxima ficava muito distante, contudo seu estabelecimento era bem
enfeitado, era um local alegre. Hoje não passava de um lugar sombrio e vazio,
escuro cheio de poeira, com freqüentadores não muito sociais como pulgas e pequenos
ratos, entre outros. A chegada dos soldados só trouxe dor e lamento. Os
soldados invadem o povoado roubam tudo o que aldeões plantavam, arrasam suas
casas, matam os homens e vende às mulheres como escravas, isso é o que a guerra
faz, ela leva o ser humano ao estado de animal sedento por sangue e ganância.
Aquela taverna é um grande exemplo antes havia milhares de pessoas no vilarejo
hoje só um punhado sobrevive, um punhado de pessoas pobres e debilitadas.
Pireus sente que o seu negócio chegou ao fim, enquanto a guerra perdurá haverá
milhões de famintos miseráveis perambulando em todos os lugares do mundo. “Sim
isso é o que a guerra faz”, analisa Pireus que coloca Xena a par de toda a
situação presente, dando informações preciosas sobre a guerra de Octávio contra
Lépido.
- E sobre uma menina pequena, ainda de colo...
– ela pausa a própria voz com certo temor do que irá descobrir - Você ouviu
alguma coisa.
Pireus pensa por algum tempo e ao final
responde.
- Criança, não... Não vir nenhuma criança
assim, porque pergunta! – ele parece admirado por Xena buscar informações de
uma criança pequena e não detalhes do decorrer da guerra travada entre os
romanos.
Xena respira fundo olha sua companheira de
viagem com uma certa tristeza no olhar seus pensamentos parecem um pouco
confusos, ela passa sua mão aberta entre os cabelos, Gabrielle também mostra
uma aparência um pouco cansada e agora também preocupada, “sim estamos exausta
precisamos de uma pausa”, ela reflete em seu intimo, Xena por outro lado
pondera toda a situação e toma uma decisão.
- Pireus precisamos de um quarto para uma
noite, mais só temos um pequeno problema... – sua voz ressoa sem jeito - não
tenho dinares.
Pireus sorri alto com uma sonora gargalhada,
novamente pula o balcão dessa vez com as garrafas na mão caminha ate a mesa
mais próxima e convida suas amigas para o acompanharem.
- Venha princesa guerreira, e você também
poetisa, vamos brindar a vida que retorna do mundo dos mortos e não se
preocupem com mais nada, terão o quarto para descansar. – abre a garrafa de
vinho uma iguaria naquele momento – Venham amigas.
Todos se sentam e partilha à bebida, Xena por
sua vez com sua expressão preocupada e carrancuda não toma parte da conversa
que Pireus trava com Gabrielle. Mais tarde eles a encaminham até o quarto.
- Obrigada pela gentileza amigo. - agradece com
certa ternura em sua voz, reconhece que aquele momento não é propicio para
caridades, porém não tinha muitas alternativas a não ser apelar.
- Não
precisa agradecer quantas vezes você salvou minha vida, um milhão de vezes,
talvez mais. – ela caminha ao lado delas segurando um velho candelabro com duas
velas- É no final do corredor.
Ao chegar ele abre a porta com extrema
delicadeza fazendo uma reverência para a Rainha Gabrielle, que contara para ele
um pouco de sua vida pregressa, Pireus agradece a companhia das duas mulheres e
se despede delas com um grande sorriso estampado no rosto.
- Adorei seu amigo - Gabrielle comenta tentando
puxar assunto, pois Xena ficara a maior parte da conversa introspectiva.
Ela entra primeiro que Gabrielle olha o quarto,
vai até a cama puxa uns lençóis e joga no chão deitando-se. A poetisa quieta observa
tudo.
- Xena, a cama é bastante espaçosa, cabe nós
duas tranquilamente. – graceja tentando chamar sua atenção mais sua companheira
continua muda.
Deitada de bruços no chão fecha os olhos e
finge dormir, “não entendo, Gabrielle parece não se importar com o
desaparecimento de Eva, primeiro parecia preocupada agora... agora”, esconde
sua expressão chateada, e por fim o sono finalmente vence tomando-a nos braços.
Gabrielle tenta em vão chamá-la.
- Xena... Xena, esta acordada – só o silêncio
reina Gabrielle sente a tristeza sabe que algo aconteceu só não sabe o que,
seja lá o que for irá descobrir quando a princesa guerreira acordar.
Finalmente o dia nasce trazendo com ele
esperança, os raios de sol invadem o aposento, a primavera enche o quarto com o
doce aroma de flores e folhas caindo dos galhos, nem parecia que havia sinal da
guerra ali, a natureza não tomava conhecimento desse fato ocorrido.
Xena como sempre já havia se levantado nos
primeiros raios de sol, Gabrielle censurou-se por esta falha, devia ter se
levantado mais cedo. Resmungando arruma rapidamente a cama e decide procura a
sua companheira, quando ela de repente adentra o quarto, a expressão parecia
mais suavizada.
- Gaby precisamos ir, tenho informações sobre o
paradeiro de Octávio, mais precisamos correr. – fala de modo prático e preciso
sem mais delongas.
“A chamou de Gaby então não estar mais
zangada”, um mini sorriso surge em sua face rosada, Xena chega perto de
Gabrielle e procura auxiliá-la ajudando com a arrumação, toca e alisa o ombro
da poetisa com carinho, mergulha nos cálidos verdes olhos com ternura.
- Gaby... - tenta iniciar com calma – Gaby
sobre ontem... Eu peço desculpas estava... Muito cansada... – Gabrielle pousa a
mão direita sobre os lábios de Xena, não precisava dizer mais nada, a princesa
guerreira aparentava pura exaustão, realmente Gabrielle não perceberá o quanto
ela estava preocupada com Eva, estava mais que na hora de por um fim nessa
situação.
- Xena já podemos partir, vamos achar nossa
pequenina, eu é que peço desculpas, me desviei... – agora é a vez de Xena
colocar a mão sobre os lábios de Gabrielle, mais uma vez ficam paralisadas
analisando uma a outra em silêncio, a respiração aos poucos se torna cada vez
mais difícil, Gabrielle passeia com as mãos sobre a face de sua amiga que sente
o toque suave da poetisa ela fecha os olhos e sua mão cai para perto de seu
corpo que parece ganhar vida própria, Xena desfruta aquele carinho inesperado
por parte de Gabrielle, de repente elas se assustam, um toque na porta do
quarto é ouvida pelas duas mulheres a carícia é interrompida e Xena voltando a
si se afasta rapidamente corada e desconcertada.
- Xena trouxe tudo que pediu- grita Pireus
atrás a porta.
- Obrigada Pireus já estamos saindo. – olha
pelo quarto buscando um assunto novo, sorri para Gabrielle – já arrumou tudo?
De costas a poetisa responde procurando
esconder suas faces coradas, “quase pedir o controle, foi por pouco, pelos
deuses... Quase.
- Gaby, vamos. – Xena se impacienta com a
demora da amiga.
As duas saem do quarto e já são aguardadas por
Pireus que espera as pacientemente, logo sua espera é recompensada, ao
visualizar as duas guerreiras.
- Têm dois cavalos a frente da taverna com
provisões, é tudo que posso fazer e te desejar boa sorte. – ele se entristece
com a partida delas, mas sabe que é preciso, a viagem delas é uma missão de
resgate.
As duas agradecem
profundamente e partem.
Silêncio ao longo do percurso. “Será que Xena
ficou chateada com as sua audácia em acariciá-la, ou é só preocupação, deve ser
só preocupação, preciso pensar assim”. As passagens se mostram dificultosas,
“as estradas principais foram bloqueadas por inúmeros soldados, ainda bem que
Pireus nos alertou”, ponderou Gabrielle, ela segue silenciosamente a princesa
guerreira que se mantinha em continua alerta, de vez em quando descia do cavalo
e verificava o terreno a procura de pistas, seu olhar atento não deixava nada
para trás, Gabrielle se mantinha taciturna, e imitava todos os gestos de sua
amiga quando descia e verificava a área, desviavam continuamente da presença de
soldados romanos, não queria tão cedo um enfrentamento, estava à caça de certo
homem e não pararia por causa de soldados ralés. Quando o orvalho da tarde já
anunciava o fim do dia, elas decidem parar a procura de abrigo.
- Não adianta continuar na escuridão - Xena
desabafa frustrada, ela desce do cavalo e logo é imitada pela poetisa.
- Vamos encontrar Octávio e conseqüentemente
Eva, tenho certeza de que ela estar bem. – Gabrielle mais uma vez tenta animar
a amiga.
Xena assente e procura montar acampamento
quando ouvi gritos, vindo do seu lado esquerdo, seu corpo logo retesa
imediatamente ela se agacha e vai até a origem dos gritos que não se encontra
muito longe dali, pedidos de socorro carregados de dor e lamentação. Por entre
as folhagens identificar os uniformes de soldados romanos.
- Gabrielle, chegarei até lá. – procura
tranqüilizar a poetisa.
- Corrigindo Xena, nós duas vamos. – Gabrielle
enfatiza sua decisão.
Xena não discute quando a vidas
em perigo e esse não um momento propício para discussões inúteis, ela se
levanta fixa seu olhar nos opressores de Roma e vai para cima deles. Com um
salto triplo seguido por grito de batalha Xena se coloca no meio do conflito,
avaliando as possibilidades de salvar vidas encara o primeiro que vem correndo
em sua direção ela se desvia para a esquerda ao ver que o soldado tenta
atingi-la com a espada cujo golpe cai no vazio, ela sorri diante de tão fraco
desafio, desfere no rosto do soldado dois chutes laterais, esquerda e direita e
por último um simples soco frontal o leva ao nocaute, continua caminhando
quando o próximo se aproxima Xena leva suas duas mãos a frente de seu corpo
(montando base de boxeador) seu sorriso sarcástico enche o inimigo de raiva,
ela aplica nele dois tapas de mão aberta, um soco no estômago, ele forte e
tomba, mas não cai, outro se aproxima por trás tentando surpreende-la ela
pressente com um salto simples se coloca atrás do homem que pretendia pega-la
por trás, ele vira e fica de frente para ela que logo lhe aplica uma cabeçada,
puxando o homem pela gola da vestimenta, ele acusa o golpe recuando ela então
usa o dorso da mão direita e com força acerta-lhe o queixo dele que finalmente
cai por terra, logo ela vê Gabrielle em meio à batalha, as pessoas correndo
para todos os lados desorientadas, a poetisa então busca com seu olhar de águia
a princesa guerreira que parece se divertir na luta derrubando sem muito
esforço seus opositores, o povo percebe as duas guerreiras lutando e também
decide lutar em vez de fugir, Gabrielle corre ao encontro das mulheres e
crianças para retirá-las do meio do conflito levando-as para um depósito, um
lugar seguro e depois também se junta a Xena e as duas lutam a lado a lado.
Percebendo a presença da amiga as suas costas a princesa guerreira sorri para
si mesma, satisfeita, as duas então colocam para correr os soldados romanos.
Xena parece brincar de lutar dar seu grito de
guerra habitual e se aproxima de uns soldados o primeiro recebe um chute
giratório em seu rosto seu oponente logo cai desorientado, o segundo parece
hesitar ainda sim decide enfrentar aquela mulher fora do comum, ele avança com
a espada em mãos tenta uma, duas, três vezes, acertá-la, mas Xena se esquiva
com o corpo e com um salto mínimo como sempre sorri mostrando seus lindos
dentes acerta-o com um chute frontal em seus órgãos genitais o qual se curva de
dor e caindo no chão, nesse instante dois soldados tenta agarrá-la pelas
costas, ela percebe a presença deles e com as mãos fechadas abre os braços cada
um de um lado e acerta cada um em seu maxilar depois ainda de costas desfere
duas cotoveladas uma por vez com tamanha rapidez e força acertando o estômago
dos homens que automaticamente se curvão e por fim dois chutes uniformes na
altura das canelas põe os soldados fora de combate, nesse ínterim Gabrielle
também coloca suas habilidades de guerreira em prática enfrenta o primeiro
colocando os seus sais em posição de ataque se defendendo-se do golpe da espada
no alto com os braços estendidos para cima num rápido movimento chuta as
canelas do soldado, depois aplica dois chutes na altura do abdômen e por último
acerta- no queixo com o cabo do sai esquerdo usando toda a sua força física, o
homem então cede e cai, enquanto isso no lado direito Xena retira sua espada e a
gira quatro vezes com a mão esquerda, sua habilidade com ambas as mãos fez dela
uma mestra na arte da luta com a espada, mantendo sua mão direita à frente de
seu peito ela cerca o soldado que vendo o domínio daquela mulher com a espada
foge de medo. Podem-se ver nesse momento os soldados debandando-se para todos
os lados o povo comemora a liberdade.
- Conseguimos, viva, viva- as pessoas gritam
uníssono.
As duas procuram se misturar quando um homem de
mais ou menos quarenta e três anos se aproxima das duas mulheres guerreiras.
- Agradeço as duas, sei que nos ajudaram e sem
ajuda de vocês não conseguiríamos essa vitória... – procura aperta a mão de
Xena que também estende a mão para ele – Os homens de Lépido não nos dão
sossego, obrigado.
Xena ouve aquele nome de novo estava Lépido
perto dali!
- Onde ele estar esse Lépido! – Indaga a
princesa guerreira.
- Não sabemos ao certo ele sempre se locomove após
a pilhagem, como não conseguiu nada aqui, pode estar em qualquer lugar.
- Precisamos achá-lo. - enfatiza Gabrielle
Xena ao lado esquerdo de Gaby observa e nota o
medo estampado no homem, que aos poucos parece recuar diante das duas nesse
instante, outros aldeões se aproximam do trio e um desconhecido grita no fundo:
- Sei bem onde esse famigerado estar escondido.
– a voz aparenta jovialidade. Olhares se voltam para ele que de pé permanecia
imponente em sua posição ereta, orgulhoso de sua própria coragem diante de seus
irmãos de infortúnio, um sorriso sarcástico surgem em sua face o que deixa Xena
no mesmo instante com certa raiva.
Xena passa por todo mudo e chega até o rapaz
que gritou agarra-o pela gola de sua camisa surrada pelo tempo semicerra seus
olhos e o eleva do chão.
- Onde ele está espertinho. - parece fora de si
por um instante.
Gabrielle caminha atrás da princesa guerreira e
chega a tempo de pará-la já que estava a ponto de sufocar o homem a sua frente,
seu descontrole estava assumindo forma.
- Xena se matá-lo como saberemos. – de repente passos
atrás de si revelam um dos soldados retardatário - Olha um dos soldados ainda
estar aqui. – as duas olham na mesma direção.
Xena, porém é mais rápida do o fugitivo com um
salto acrobático perpendicular fica em frente ao azarado homem, rapidamente
aplica seu golpe de pressão no pescoço do soldado que logo cai de joelhos
levando as mãos na área em que o golpe milenar foi aplicado.
- Cortei o fluxo de seu cérebro em trinta
segundos morrera.
O homem com bastante dor pergunta ao seu algoz.
- O que... O que... Quer... Saber! – se
contorce ao formular essa simples pergunta.
- Onde se encontra Lépido e qual a ligação dele
com Octávio! - de pé parece impaciente pela resposta que talvez revele o
paradeiro de sua pequena.
- Ele... Ele... Estar nas montanhas – tenta
respirar – planeja... Planeja capturar mais aldeões... – mais uma pausa para
tentar respirar um pouco- para vendê-los como escravos... Octávio é seu
rival... Os dois querem Roma. – cospe praticamente as últimas palavras a dor em
volta de seu pescoço é intensa.
Xena satisfeita desfaz a contra gosto o golpe
aplicado e deixa o soldado fugir, Gabrielle se aproxima da amiga e olha em seus
olhos o que parece ver ela não gosta “a velha Xena estar de volta, esperava que
não” tentava concentra suas parcas forças na missão de encontra a pequena Eva,
que escapava aos olhos vistos.
- Xena... Você estar bem! – na esperança de
alcançar-la toca seu antebraço direito com carinho não recebe nenhuma resposta
por parte da guerreira essa tenta escapar querendo se libertar do toque cm
brusquidão e depois ao perceber que Xena escapa do seu toque aperta o seu barco
com força. – Você estar bem! – encara aqueles olhos azuis tentando encontrar
sua amiga lá.
-Estou bem, só cada vez mais preocupada em
encontrar Eva. –responde dando de ombros, respira fundo duas vezes e escapa de
Gabrielle, caminha dois passos para frente e para volta-se ficando de frente
para a poetisa e com lágrimas nos olhos desaba – Gaby.. Preciso encontrá-la não
posso perde-lá, não posso... Gaby... - A poetisa não perde tempo abre seus
braços e aconchega a grande guerreira aperta com firmeza acariciando suas
costas largas, Xena permanece algum tempo naquele abraço acolhedor perdendo
assim a noção do tempo espaço seu coração batia com tamanha rapidez que nem ela
mesma entendia o que estava acontecendo consigo “deve ser a preocupação”,
refletia consigo mesma enquanto relutava em encerra aquele carinho “carinho, o
que estar acontecendo comigo, não sou dessas coisas”, outra vez o comportamento
brusco aparece e ela rompe o abraço se desvencilhando de Gabrielle, que percebe
e a solta não entendo o que está realmente acontecendo.
- O que faremos agora Xena? – tenta mudar o
assunto deixando à amiga um pouco mais confortável.
- Iremos atrás de Lépido, é claro, vamos caçar.
– suas palavras carregadas de raiva anunciam que a temporada de caça esta
aberta.
Procuram entre os aldeões um lugar para passar
a noite, pois o sol acabou de se pôr e continuar seria arriscado demais e perigoso
além da conta. Logo uma moradora se oferece para hospedá-las uma vez que não
havia tavernas ali.
- Senão se importam podem ficar comigo. – uma
moradora se oferece alegremente – é o mínimo que posso fazer depois de tudo que
realizaram por todos nós.
Xena e Gabrielle agradecem a hospedagem e
anuncia que apenas teria que buscar suas coisas que ficaram do outro lado do
vilarejo a mulher entende e combina esperá-las. As duas caminham no mais puro
silêncio profundo podendo se ouvir até mesmo uma mosca voando, cada uma com
seus pensamentos, contudo um só é a direção encontrar a pequena Eva, cada uma
com seu modo de ser, procura dentro de si resposta para esse enigma. Nenhuma
informação sobre Octávio que parece ter desaparecido, o jeito seria enfrenta
Lépidos primeiro e depois assim achar Octávio e conseqüentemente Eva esforços
não seriam medidos para isso, nisso as duas concordavam mesmo no silêncio.
- Uma noite é suficiente para alcançarmos logo
Lépidos e seus soldados, por isso deveremos descansar logo. – Xena poderá o som
e as palavras proferidas.
Gabrielle concorda balançando a cabeça ela é
consumida com pensamentos de resgate e ao mesmo tempo sentimentos conflitantes
em relação à Xena, estaria ficando louca talvez, estava desejando com tamanho
ardor aquela mulher que já adorava há tanto tempo, “devo estar confundido as
coisas, só pode ser é a única explicação que encontro dentro da razão”. Pensativa
nem percebe que Xena sozinha já tinha recolhido todos os pertences que as duas
haviam trazidos sobre os cavalos, trazendo as rédeas dos dois cavalos na mão
Xena olha para Gabrielle com ar de interrogação, “será que tomou muito sol na
cabeça, ela anda esquisita, será que está doente!”- encara Gabrielle que por
que por algum tempo não percebe que estar sendo observada, depois parece estar
outra vez na realidade e acorda do torpedo.
- Você está bem Gaby, parece... – coça a cabeça
tentando disfarça a preocupação recente com sua amiga - Ausente. – há
preocupação genuína em suas palavras.
Gabrielle sorri para sua amiga, um sorriso
tranqüilizador ensaia para mostrar que estar be, ao menos fisicamente, por que
dentro de si parece um turbilhão.
- Estou só preocupada... Também anseio
encontrar Eva. – ela desvia o olhar procurando ao redor para ver se faltar
fazer alguma coisa, vendo que tudo já fora feito pela princesa guerreira à
poetisa se dar por vencida e segue atrás de Xena que a essa altura toma a
dianteira da caminhada que já brindara com o orvalho da noite. A passos largos
a princesa guerreira caminha, outra vez o silêncio prevalece entre as duas
mulheres cada uma com seus respectivos pensamentos, caminham em meio a uma semi
- escuridão apenas iluminada por uma imensa lua cheia.
Ao chegar ao vilarejo Xena e Gabrielle procuram
à senhora que concordou em hospedá-las e logo a encontra.
- Demoraram hein, fiquei preocupada com as
moçinhas... Não sabem que é perigoso? – todo cuidado é pouco, porque a aldeia
estava sobre constantes ataques ora de romanos, ora de saqueadores ou mesmo de
ladrões autônomos.
As mulheres e as crianças eram as vitimas
preferidas de todos os opressores que surgiam, eram sempre vendidas como
escravas ou eram feitas escravas para o bel prazer de seus amos, usadas como
objeto. Xena compreendia essa situação e tentava sempre impedir os planos
malignos combatendo esses mercenários com toda força.
Olham juntas para aquela senhora que esboça
verdadeira preocupação, a aldeã sem esperar resposta caminha a frente delas
indicando o caminho, passam por muitas cabanas até chegar à última cabana
improvisada, uma espécie de “celeiro”.
- Desculpe a humilde acomodação... – a sua voz
se torna embargada – os soldados... – chora emocionada - Queimaram minha
casa... – tenta prosseguir com dificuldade – minha pequena ca... sa. – leva às
mãos ao rosto enrugado pelo tempo, mãos calejadas pelo árduo trabalho
cotidiano.
Gabrielle se apressa em acolhê-la entre os
braços generosos na tentativa de oferecer ao menos um pequeno conforto diante
de tantas desgraças acontecidas.
Eu... Tinha duas filhas... Eram guerreiras como
vocês... Um dia... Um dia elas lutaram contra um tirano perverso – fala com
dificuldade engolindo saliva – e... E morreram tentando salvar nosso povo. – sente o abraço de Gabrielle aperta-lhe a
cintura e os ombros respirando fundo buscando o controle de suas emoções– elas
conseguiram, mas no fim... No fim encontram a morte e ninguém, ninguém se
lembra delas. – a indignação toma conta dela. É o preço a se pagar quando
resolvemos lutar- se desvencilha do abraço com certa gentileza e caminha um
pouco para abrir a porta do celeiro.
- Sejam bem vindas, minha casa, sua casa. - ela
entra primeiro, seguida das duas mulheres.
Gabrielle segue sua anfitriã e Xena fica por
último verificando sempre o perímetro, colocam a escassa bagagem no chão e
permanecem de pé.
- Não sei ainda o nome da senhora- Xena puxa
conversa.
- Me chamo Betasda, nasci e me criei aqui,
morrerei aqui também. – corta a conversa indo em direção ao fogo improvisado no
fundo da sala, trazendo nas mãos duas tigelas com comida quente.
- Meu nome é Xena e esta é Gabrielle, obrigada
por nos receber. – agradece com humildade.
O fogo já se encontrava aceso, pois às vezes
tinham que queimar a própria casa por causa dos romanos que vinham
constantemente saqueando tudo que achavam pela frente.
- Obrigada. – as duas agradecem ao mesmo tempo.
- Sente-se, por favor – oferece dois bancos
velhos para as guerreiras que novamente agradecem. - Desculpe pela humildade do
lugar é tudo que possuo. - olha ao redor querendo de verdade poder oferecer
algo mais àquelas mulheres que salvaram a aldeia com extrema bravura.
- Está tudo ótimo, não é Gabrielle. – olha
Gabrielle que naquele momento parece perdida em seus pensamentos.
- Claro... – aceita a tigela de comida,
esboçando um minisorriso. – não se preocupe, está... Tudo bem. – suas palavras
pareciam não fazer sentido algum, mas precisava voltar.
Xena a olha com curiosidade “pelos deuses o que
esta acontecendo com Gaby, ela estar realmente distante” expira procurando
trazer a amiga para a terra novamente.
- Gabrielle é poeta também, não é Gaby? – sorri
em sua direção e deixando a sua anfitriã curiosa.
- Poeta, hein que combinação estranha para uma
guerreira. – a senhora sorri com gosto, inclinando a cabeça para trás enquanto
a poetisa fica sem jeito diante das duas, ela balança a cabeça dar de ombros e
percebe a faceta de Xena.
- Obrigada. Mas sou poeta antes de ser
guerreira. – esclarece a situação.
- Vocês são duas mulheres totalmente
diferentes, isso é bom. – conclui seu pensamento quase filosófico.
Xena parece satisfeita com as palavras da aldeã
que se senta junto a elas não antes de toma a outra tigela com comida que
estava em cima da mesinha e devora a refeição escassa, a casa improvisada
mostrava apesar de tudo uma limpeza impecável, uma pequena janela no alto a
esquerda arejava o ambiente minúsculo, um fogo improvisado ao fundo e uma mesinha
com três bancos, flores por todos os lados alegrava o lugar, as velas
iluminavam com maestria e devolvia ao local uma atmosfera de casa.
Gabrielle termina sua refeição frugal seguida
de Xena e a aldeã que logo percebe o cansaço das duas e prepara o lugar de
descanso, coloca alguns cobertores sobre a pequena cama e as oferece para as
guerreiras, que logo não aceitam.
- Não, não, vamos dormir no chão. – Xena se
levanta do seu banco e pega os cobertores da mão de sua anfitriã e coloca no
chão com a ajuda de Gabrielle. – por favor, queremos dormir no chão.
Betasda fica admirada com a generosidade
daquelas mulheres e não reage, mas agradece.
- Não sei como agradecer tanta generosidade. –
ajuda as duas nesta nova tarefa.
Em silencio terminam a arrumação e elas deitam-se
para dormir separadas apenas por dois travesseiros, é possível sentir o cheiro
de sua amiga, sua longa cabeleira negra esconde sua face preocupada, Xena
adormece em questão de segundos, já Gabrielle levanta-se pega um pergaminho
limpo e uma pena surrada, desgastada pelo tempo senta no banco e começa a
escrever nele.
- Por favor, pode deixar uma vela acesa? –
pergunta a Betasda.
- Sim claro. Vai escrever poesias? – sua
curiosidade é aguçada.
- Só pensamento. – Gabrielle tenta disfarçar
certo nervosismo, pega seu pergaminho e inicia a escrita devagar pausando às
vezes para sentir as palavras, que demoram a ter formas, suas mãos antes firmes
agora se mostram tremulas, não se tratava de descrever as batalhas vencidas por
Xena, mais de seus sentimentos mais íntimos.
Gabrielle para e pensa se a princesa guerreira
viera a descobrir seu precioso pergaminho “não ela nunca demonstrou interesse
em ler, este não seria o primeiro, a este pensamento ela prossegue com a escrita.
Maus
tempos encarei, por terras que eu não sei,
Meu
coração quase desfaleceu, morri por dentro,
Dia
após dia sigo teus passos.
Não
te amei de repente, nem escolhi a hora
Mas
cuidei desse amor, mesmo no meio de tantos prantos.
Não
me canso de pensar, que um dia poderei te tocar
Mostrar
o bem que me fazes, o quanto és importante na minha vida.
É
como nas asas de um sonho, o medo eu já sentir
Mas,
foi nas asas de um sonho, que eu te encontrei.
Enquanto Gabrielle se concentra em seus
pensamentos, Bestasda adormece deitando-se na pequena cama, hoje ela sabe que
dormiria tranqüila graças aquelas mulheres.
Quando
os primeiros raios de sol surgem, Xena já se encontra lá fora verificando se
tudo está pronto para a partida, ela tem pressa como se os deuses estivessem
caçando-as naquele momento, “os deuses, deve tomar cuidado para não achá-las
antes do tempo, tempo na verdade é o que precisa para ter sua filhinha entre
seus braços novamente”, pensar assim trazia paz para seu coração. “E Gabrielle
porque dorme tanto assim será que estava mesmo doente” teria que verificar
logo, pois já se preocupava com aquela situação.
Gabrielle desperta, ainda estava deitada! Que
estranho não se lembrava de como foi para lá na cama improvisada no chão, mas depois
pensaria nisso agora o mais importante seria acompanhar o ritmo de Xena, porém
antes precisava muito comer algo, senão poderia desfalecer de tanta fome que
tinha. Ela sente o doce aroma de café da manhã, “hum... que cheirinho gostoso”,
sorri consigo mesma quando Betasda surge com uma bandeja com o desjejum, frutas
de variadas espécies compunha aquela manjar.
- Conseguir colher bastantes frutas e tenho
também um delicioso café, podemos nos sentar. – olhar para a cama improvisada
no chão. – Onde está a Xena?
- Lá fora. – Gabrielle senta em seu banco e
olha várias vezes na direção da porta, não perde tempo e começa seu desjejum,
acompanhada por sua anfitriã.
Xena entra em seguida e olha para as duas
sentadas comendo como duas verdadeiras esfomeadas, sua expressão é de pura
admiração.
-Estou com bastante fome... – não me olhe desse
jeito. Gabrielle responde com a boca cheia olhando na direção de sua amiga.
Arrastando o último banco a princesa guerreira
se junta a grupo esfomeado pega uma maçã e parte uma banda com o auxílio de um
punhal observando sempre as duas que não param de comer.
- Gabrielle você estar bem? Xena parece “um
pouco preocupada”.
- Claro... Eu estou bem, só estou com muita
fome. Ainda com aboca cheia ela responde.
Xena ri alto acompanhada por Betasda e no fim declara.
-Cuidado para não engordar. –ri de novo.
Logo a poetisa engasga e decide parar de comer
na hora, levanta do banco fingindo uma fúria tempestuosa.
- Tudo bem, você venceu. –antes de sair leva consigo três frutas
grandes – é para viagem.
Em seguida Xena se levanta e agradece à senhora
já Betasda a hospedagem e a comida, depois sai, encontrando Gabrielle perto dos
cavalos, guardando as frutas na sacola. Sem uma palavra a princesa guerreira
monta em seu cavalo negro, em sua mente já sabe o caminho que deve prosseguir
Gabrielle também não perde tempo e monta um cavalo marrom.
Nesse momento Betasda aparece na porta de sua
casa improvisada e acena pra as novas amigas.
- Adeus... Adeus minhas amigas... Adeus.
Acena até as guerreiras
sumirem completamente de sua visão.
Não demora muito tempo até que as duas mulheres
guerreiras encontram o acampamento dos romanos. Ao longe Xena observa toda a
rotina dos soldados, por cerca de uma hora fica agachada sobre as pedras
rochosas, Gabrielle se posta ao seu lado, elas apenas trocam olhares curtos e esperam
pelo momento propicio para então colocar o plano em ação que aos poucos toma
forma na mente de Xena. Depois das combinações descem uma rampa e adentram no
acampamento, logo se vêem cercadas por romanos cerca de seis soldados
sentinelas.
- Vim ver o comandante Lépido. – Xena fala com
autoridade olhando nos olhos do soldado que logo recua de medo daquela estranha
guerreira.
- Ele a espera. Outro soldado indaga a recém
chegada.
- Quero ver Lépido AGORA. – Suas palavras são
fortes e firmes e diante de tal atitude os soldados abrem espaços e uma
sentinela vai anunciá-las ao comandante romano.
Com o espaço aberto Gabrielle e Xena avançam
terreno e chega à cabana armada de Lépido, um soldado afasta uma cortina para
sua passagem uma porta imaginária.
- Devo supor que é Xena - Lépido não esboça
surpresa. – a mesma Xena inimiga mortal de Julio César, estou certo. – cruza às
mãos a frente de seu corpo enquanto caminha á frente das duas mulheres. – E você
só pode ser a sua fiel companheira... – pausa como se tentasse lembrar-se de
algo coloca então a mão direita no queixo e usa a outra como apoio – Gabrielle,
é Gabrielle, acertei. - para de caminhar com um ar triunfante e fica de frente
para Xena. –Agora me diga como vai me servir.
Xena examina a situação e resolve tomar à
dianteira.
- Digamos que eu o ajude a encontrar Octávio. –
arqueando as sobrancelhas, sua expressão denota conspiração, ela também começa
a caminhar, aos poucos para e ensaia sentar em uma poltrona acolchoada sentando
cruza as pernas deixando-as bem a vista de um Lépido boquiaberto com o que vê.
– Digamos que Octávio detém em seu poder algo precioso para nós duas. –levanta
o braço direito erguendo seu dedo indicador faz um sinal entre ela e Gabrielle
que de pé assiste tudo fingindo impassividade, seus lábios de repente secam e
na hora ela molha com a saliva, enquanto a princesa guerreira satisfeita com o
que contempla sente que o homem a sua frente estar em suas mãos. - O que me
diz, faremos uma aliança? -estende a mão para Lépido.
Ele chega bem perto de Xena para sentir seu
cheiro de mulher.
– Não sei o que ganho com essa “aliança”. – Ele
não estende a mão na direção de Xena para selar o acordo, sentia seu instinto
masculino gritar com força querendo ter aquela mulher fascinante.
- Ainda não disse. – graceja com Lépido – Estou
aqui para CAÇAR Octávio, vou matá-lo assim que puser minhas nele, trarei sua
cabeça em uma bandeja e finalmente o poder de Roma será seu, como recompensa quero
parte dos espólios de guerra, incluindo escravas. - levanta ao proferir as
últimas palavras quando se referiu a Octávio fez o gesto de estrangulá-lo com
as mãos.
Gabrielle se junta à dupla fazendo o mesmo
gesto de Xena, sua expressão demonstra um pouco mais de sadismo dando a
entender para Lépido que aquelas duas seriam ótimas aliadas “ao menos por
enquanto”.
- E como saberei que não me trairá? – o
comandante estuda as duas mulheres guerreiras procurando alguma falha no
comportamento delas.
- Quer a cabeça de Octávio, não quer. - agora é
a vez de Gabrielle joga seu charme para o homem a sua frente, ele parece
ponderar a natureza da situação presente, decide então concordar sinalizando
com a cabeça positivamente.
- Pois muito bem, quero que por hoje sejam
minhas hospedes, veremos um bom plano. - o comandante romano satisfeito com o
andamento da conversa ri alto em um tom psicótico quando chama uma sentinela
que se encontra de prontidão do lado de fora da cabana.
- Soldado. – berra Lépido.
A sentinela entra e saúda seu comandante com seu
gesto costumeiro, com a mão direita fechada leva-a para junto do peito e depois
para frente permanecendo com a mesma mão também agora fechada.
- Imperator. - Permanece firme em sua posição
com um olhar centrado no nada.
Lépido vai até uma pequena escrivaninha e pega
um pergaminho entregando a sentinela.
- Entregue como instruído. – o soldado recebe o
objeto em questão e saúda de novo seu comandante antes de sair.
- Imperator.
- Pronto meu último compromisso – olha para
Xena com certa lasciva num olhar faminto. – Podemos continuar nossa conversa a
sós. – olha para Gabrielle que dar de ombros e se recusa a sair, com um gesto
de cabeça mantém seu olhar na direção de Xena que a essa altura decide por em
prática uma segunda parte do plano.
Ela levanta e percorre o caminho na direção da
saída com Gabrielle nos seus calcanhares.
- Aonde pensa que vai? – parece furioso de
repente.
- Vou caçar um coelhinho. – faz um biquinho com
os lábios ao mesmo tempo em que empurra Gabrielle para frente com as mãos
abertas.
- Disse que são minhas convidadas, não tolero
essa indisciplina. – fala com um tom autoritário indo na direção das duas.
Xena para o avanço e avalia o momento em sua
mente um turbilhão de pensamentos ocorre e ela sabe o que deve fazer. Faz um
leve sinal para Gabrielle que automaticamente entende e também freia sua saída,
vira de frente para o comandante romano.
- Sabe, acaba de me ocorrer que ainda não comi
nada. – uma expressão de moleca travessa surge em sua face, Lépido se deleita
com a cena.
Saindo da cabana por um instante, deixa as duas
sozinhas completamente. Gabrielle franze o cenho e aperta o braço direito de
Xena.
-Mais o que pensa que está fazendo, esse homem
é louco, não vê? – ela parece furiosa com sua companheira.
Xena, porém dar de ombros e responde se
afastando de Gabrielle com brusquidão.
- Quanto mais louco, melhor para nós. - uma
expressão já conhecida por Gabrielle surge no rosto da princesa guerreira, era
a face da morte.
- Xena precisamos ter cuidado. – a poetisa
pondera agora procurando escolher melhor as palavras.
Mexe com a boca numa mistura de vai e vem, olha
para Gabrielle com ar inquisidor e diz.
- O que você faria por Eva! – um tom quase
sarcástico é sentido na voz de Xena.
- Tudo, eu farei QUALQUER COISA, por ela. –olha
no fundo dos olhos da guerreira de longos cabelos negros, procurando um sinal.
A princesa guerreira satisfeita com a resposta
da poetisa então conclui:
- Vamos continuar com o plano, seguindo O
PLANO. - encerra a conversa quando pressenti passos atrás de si.
- Trouxe comida. – Lépido adentra o recinto
acompanhado de escravos que iniciam um verdadeiro desfile, os escravos carregam
bandejas recheadas de frutas exóticas, muita carne, vinhos, e pães. O
comandante senta no chão acolchoado e convida suas hospedes para acompanhá-lo, por
outro lado elas não recusam o convite se juntando a ele no banquete iniciado
pelo romano.
- Então me diga, Xena – coça o queixo com a mão
esquerda - como pensa em capturar Octávio - Ouvi falar de você na cidade de
Alexandria e em tudo que fez por lá. – ele fixa o olhar na princesa guerreira.
Xena coloca duas uvas na boca e analisa as
circunstâncias, engolindo as uvas passa a língua entre os lábios e retribui o
mesmo olhar de Lépido para ela.
- Em Alexandria matei Brutus e Marco Antonio,
com a ajuda de Gabrielle... – coloca mais duas uvas na boca- Pensei que Octávio
fosse um bom rapaz, vejo que me enganei. – Sabe onde exatamente ele se encontra
agora! – pergunta ela de modo frívolo.
- Ao lado norte, segundo meus batedores, seu
exercito está acampado em uma grande colina de difícil acesso, se realmente
juntarmos nossas forças, quero que ataque por trás causando uma tremenda
confusão nas suas cinco legiões. – ele ri alto inclinando a cabeça para trás,
já imaginando a derrota do inimigo.
- Um plano perfeito, é uma idéia magnífica. –
conclui seu pensamento com um elogio singular, deixando o comandante à vontade
com as guerreiras.
- E... O que exatamente ele pegou de você! –
uma pergunta capciosa surge no ar.
- Digamos que... – com mãos ágeis escolhe uma
fruta da bandeja, mordendo com malícia uma maçã suculenta – ele não pegou,
emprestamos. – Gabrielle responde usando os artifícios de Xena, na conquista de
sua presa.
As duas observam o comandante sucumbir àquela
sedução infantil, com um sorriso, a poetisa come o restante da fruta fixando o
olhar em Lépido que a essa altura estar totalmente domado.
- E você porque deseja a cabeça dele. -
Gabrielle indaga.
O vinho é servido por um dos escravos que
permanece de pé com um olhar fixado na entrada da cabana.
-Ele se tornou um empecilho para mim na tomada
da cidade de Roma, desde a morte de Marco Antonio, nosso triunvirato frágil
sucumbiu, ele não é o homem para governar, EU SOU. – faz uma pausa o orgulho e
suas palavras transparecem no tom de sua voz - Um simples testamento feito por
seu tio Julio Cesar não o capacita para ser o coração de Roma.
Gabrielle e Xena escutam tudo atentamente,
bebericando a taça repleta de vinho doce.
- Não se preocupe Lépido você será o único a
ter Roma aos seus pés. – conclui a princesa guerreira usando um tom de voz
malicioso que passando despercebido pelo romano, agora embriagado pela
deliciosa bebida.
As guerreiras percebem e decidem tirar proveito
da situação em um rápido movimento se levantam deixando tudo para trás um
comandante abatido pelo vinho, apenas trazendo consigo a escrava presente ao
banquete que não deixa escapar a libertação. Xena age de modo rápido pega na
mão da escrava conduzindo-a para fora da cabana juntamente com Gabrielle.
- Lépido, me autorizou a levá-la para me servir
– mostra a escrava acorrentada e puxando-a pelo colar que aperta o pescoço da
escrava sai do acampamento, partindo a frente Gabrielle desaparece do
acampamento com rapidez surpreendente.
Os soldados abrem espaço e Xena acompanhada de
“sua escrava” caminha para fora daquele lugar de morte. As duas caminham no
silêncio por cerca de mil metros, de vez em quando a princesa guerreira para
tomando sempre o cuidado de verificar se certificando que ninguém as seguira.
- Aqui nos separamos - a escrava olha ao redor
também para verificar se seus raptores estão em seu encalço. – Não tenho
palavras para agradecer sua ajuda, sei que não é romana, pois se fosse nunca me
libertaria – agarra as mãos de Xena com carinho, e logo depois se afasta, seu
olhar é de profundo agradecimento.
Xena apenas escuta as palavras daquela mulher
sofrida, suas vestes simplificadas mostra sua condição atual, antes vivera
livre em sua terra natal, com sua família, contudo quando os romanos apareceram
trouxeram com eles o pior, trouxe a guerra e a conseqüência da derrota: a
escravidão para os povos chamados bárbaros. Mais do que ninguém Xena conhecia o
modo romano de dominar, pois já fora vitima do próprio Julio Cesar, ditador
romano. Avaliando as conseqüências de seu ato diria que Lépido acordaria
repleto de raiva e precisava sair logo daquele local de fácil acesso para uma
emboscada e rezava aos céus para que Gabrielle não se atrasasse.
- Precisamos sair daqui, vá para o mais longe
possível. – Xena fala atenta a todo movimento, subitamente ela ouve um suave
galope se aproximando.
Gabrielle aparece montada em seu cavalo
trazendo o cavalo negro de Xena pelas rédeas, chegando perto ela desmonta e
entrega a escrava fugitiva um alforje com um pouco de comida.
- Obrigada as duas, se acaso um dia precisarem
de mim, meu nome é Feris – pausa para mais uma vez observar o local em que se
encontra. – Vou para o leste, tenho pessoal lá, que poderão me ajudar. Mais uma
vez obrigada. – recebe o alforje das mãos de Gabrielle e parti em uma frenética
corrida, sumindo do raio de visão das duas guerreiras.
-Gabrielle temos que ir agora, Lépido logo irá
acordar. – Xena monta seguida pela poetisa e as duas partem a todo galope sem
se preocupar com pegadas deixadas para trás.
Agora seu objetivo é encontrar finalmente
Octávio e dar um fim a sua busca, o caminho se mostrava tortuoso, o caminho da
procura. Pensar em Eva era como se pudesse mantê-la segura através de seus
pensamentos desde que nasceu, não a deixava sozinha um só momento, a pequenina
adorava ouvi-la cantar para dormir e quando mamava, Xena se lembra do contorno
dos seus lindos olhos azuis, sua boca rosada, seu rostinho redondo, suas mãos e
pés pequeninos e perfeitos, para uma gravidez que não planejara e que sua concepção
fora excepcional, sua filha era uma menininha perfeita.
Agora corria contra o tempo, ao seu lado
Gabrielle que sempre se mostrava falante agora se encontrava quase muda “ainda
não sei o que está acontecendo com ela, porém vou descobrir”, tentava retrair
seus pensamentos e se concentrar no terreno que seguia, pois ali não era a sua
amada Grécia e sim uma terra hostil e queria estar o mais longe possível.
Por sua vez, Gabrielle
percebia que Xena não se desviaria de seu propósito, isso era bom, pois não
sabia como falar com ela sobre o assunto que a atormentava, que drenava seus
pensamentos e ameaçava ruir suas emoções. Gabrielle se concentrava ao máximo na
busca por Eva, amava aquela pequenina de curtos cabelos dourados que pareciam
com o dela, “ela parece um pouco comigo”, sorri ao lembrar-se de seu sorriso
franco e aberto, quase sem dente. Lembra de seu nascimento, o melhor dia de
suas vidas, Xena estava tão radiante que parecia brilhar de tanta felicidade e
partilhava aquele momento tão especial com ela, sua companheira de viagem, essa
lembrança aquece seu coração e a cena volta a passar diante de seus olhos como
um filme. Gabrielle sabe que deverá cavalgar o mais rápido possível e resgatar
o bebê.
Logo alcançam a estrada que a primeira vista
parece deserta, mas logo se revela movimentada por uma pequena tropa de
soldados escoltando uma carroça.
- Quem será que estar na carroça – Gabrielle se
mostra curiosa.
Xena por outro lado permanece quieta e faz o
gesto do silencio para a poetisa que percebe o erro da comunicação e também se volta
ao estado de silencio, escondidas pela vegetação do local elas espreitam o
comboio que adentra a estrada deserta.
De repente um homem sai da carroça gritando aos
berros, tentando nocautear alguns soldados.
-Vocês não iram me dominar, sou Cassius
Tiberius... – a frase é interrompida quando um soldado acerta seu queixo com um
soco fazendo-o cair por terra ele coloca suas mãos no chão e vê um filete de
sangue escorrer do canto de seus lábios, segura um pouco de areia e levanta-se
rapidamente jogando terra no rosto do soldado que não esperava tal ataque e recua
em seguida outro soldado de frente para Cassius dar um soco forte em seu
estômago fazendo se curvar com a dor extrema, enquanto outro aplica uma cotovelada
em suas costas e um terceiro chuta-lhe o rosto que o faz cair de costas e
covardemente o acerta de novo aplicando outro chute no rosto fazendo o rolar de
modo que bate sua face de encontro ao chão ferindo-o ainda mais. Cassius sente
sua vida se esvair, as correntes que prendem seus pés, mãos e pescoço só mostram
a que ponto chegou por causa de sua fidelidade a Roma, seus algozes
aproveitavam para humilhá-lo até a morte, “hei de ver algum dia a minha
vingança”, ele sente uma dor atroz por todo corpo. Quando sente uma mão puxando
seus cabelos tentando ergue seu corpo quase sem vida, ele fecha os olhos na
tentativa de esconder a dor, uma onda de riso invadiu todo o local “ao menos
eles estão se divertindo, bando de bastardos” o soldado forte em sua musculatura
em questão, consegue ergue-lo com uma das mãos enquanto outro aplica uma chave
de pescoço o paralisado apertando o local com bastante força, o imobilizado
totalmente quase o sufocando. Os outros riem da patética tentativa de fuga
daquele homem.
Ao perceberem a ação do desconhecido e a
desvantagem sobre ele, Xena olha para Gabrielle que com um olhar concorda em
auxiliar aquele homem que sozinho luta pela sua liberdade, mesmo em
desigualdade ele não se esmorece diante de tanta dificuldade, se lançando cada
vez mais, na tentativa de uma fuga improvável.
Um grito de guerra logo é ouvido, lançando para
o meio dos soldados uma perturbação momentânea, ela dar um salto triplo mortal para
frente tão alto que os romanos erguem suas cabeças para cima na tentativa de
acompanhar aquele salto perfeito e ao mesmo tempo quase impossível para reles
mortais. De um modo triunfal ela pousa no meio dos soldados, um sorriso
recheado de sacarmos se forma em seus lábios, ela monta sua defesa elevando
suas mãos à altura do rosto, olha os soldados ainda aturdidos pela surpresa e
sem demora soca o rosto do primeiro a sua frente que logo cai em seguida com um
vôo alto ergue-se do chão com as pernas abertas alinhadas acertando mais dois
homens que não tardam também em cair, já o homem que segura o pescoço de seu
prisioneiro recebe dois socos frontal em seu nariz largando sua presa de
momento, ele tenta equilibrar seu pesado corpo tentado colocar suas mãos a
frente de seu peito como um boxeador faz, mas Xena não lhe dar oportunidade
acertando-lhe-a virilha ele finalmente se curva e cai deixando o outro homem
parcialmente livre, quando por trás três soldados avançam em fileira sobre ela
que logo vira com um chute alto derrubando-os no ato, outros soldados então
avançam contra Xena com a espada desembainhada, ela então retira também sua
espada gira na mão três vezes antes de bloquear o ataque frontal, chuta o
estômago dele e aplica outro chute agora giratório, quando um dos soldados
decide pega-la de surpresa pelo lado ela de frente crave-lhe então a espada no
peito do seu inimigo olhando nos olhos dele. Ela vê então um grupo de arqueiros
colocados no alto de uma colina prontos para acertar o alvo ela então lança seu
chakram na direção deles derrubando-os na hora a arma rodopia fazendo o circulo
completo retornando as suas mãos. Xena olha ao seu redor em busca de outros
oponentes que a essa altura começam a fugir.
Nesse
momento também surge Gabrielle como um efeito surpresa, ela avança sobre o
primeiro acertando-o com os seus sais na posição de defesa o rosto do seu
oponente, o segundo avança sobre ela com a espada nas mãos que logo é bloqueada
com um dos sais na posição de ataque e com a mão esquerda ela soca o flanco e
em seguida com um chute lateral em curva acerta-o lançando-o para longe, quando
parecia estar de guarda baixa, outro soldado surge do nada tentando atacá-la,
porém esse é golpeado com um dos sais, quando ela se volta na direção dele
ainda com um dos sais na posição de ataque, surpresa ela não consegue desvia
para evitar a morte dele sentindo a arma mortal de Gabrielle encravado em seu
estômago, rapidamente ela retira o sai e vai até a Xena que a essa altura
liberta das correntes o prisioneiro usando a sua espada. Os outros soldados
atônitos com á perícia das duas mulheres fogem de medo acompanhados pelos que
foram abatidos. Gabrielle permanece na retaguarda de Xena enquanto ela verifica
os ferimentos do homem que fora gravemente ferido.
- Graças aos deuses... - pausa para engolir a
saliva - Vocês surgiram do nada e me libertaram daqueles trogloditas... - outra
pausa necessária para poder respirar - Que se dizem soldados romanos. – ele verifica
os punhos massageando-os.
Xena se volta para a direção de Gabrielle e vê
sua companheira retornar do campo de batalha mais uma vez vitoriosa, um misto
de orgulho com preocupação se mistura, ela sabe que sua Gaby agora é uma
guerreira completa, pois do lado contrário do ataque ela sozinha abria uma
grande brecha entre os soldados romanos “me orgulho dela” sorri ante seus
pensamentos.
- Xena, ele estar bem? – ela se aproxima do
homem em questão.
- Parece que sim, só alguns ossos moídos, porém
logo estará bem recuperado. – conclui após um exame minucioso do homem.
- Me chamo Cassius Tiberius Quintos, sou
romano, partidário do jovem Octávio, filho adotivo de Julio Cesar. – em sua
fala denota-se o conhecido orgulho romano.
Ao ouvir que era romano Xena franze o cenho e
sinaliza para Gabrielle com arrependimento, “seria apenas menos um romano no
mundo”. A poetisa olha para o homem buscando sinais de sua posição social.
- Não se preocupem posso reembolsá-las pela
ajuda. – ele continua sua limpeza na ânsia de parecer ao menos uma pessoa
digna. – Tenho posses. – não olha para as mulheres.
- Não queremos seu dinheiro. – Xena enfatiza
com firmeza.
-Por favor, não quis ofendê-las, mas preciso
desesperadamente de escolta, os homens de Lépido voltaram e me mataram. –
implora na tentativa de fazer com que elas mudem de idéia.
- Não é problema nosso, te ajudamos porque
pensávamos que era um escravo, sendo torturado. – pausa – mas pensando bem um
escravo não é levado em carroça. – de repente uma fúria surge em seu semblante
ela o segura pela gola de sua roupa parcialmente rasgada - Então a pergunta é
quem é de verdade você!
Ele treme ante a força da guerreira e com a voz
tremida responde.
- Já disse sou... Cassius Tiberius... - não
consegue terminar a frase.
Xena o ergue do chão mostrando para ele que não
estar brincando.
-A verdade, agora. –os olhos se arregalam.
- Sou um dos tribunos do jovem Octávio, estou
levando informações para ele sobre os planos de Lépido e notícias da jovem Eva,
sua filha. – ele fala em uma rapidez impressionante.
Ao ouvir o nome de Eva ela solta o romano em
questão de segundos, deixando cair no chão. Gabrielle segura o ombro de Xena
apertando-o e olha fixamente para a princesa guerreira com otimismo.
- Onde... – as palavras parecem querer escapar
– Onde ela estar agora.
Cassius não entende porque aquela guerreira
estaria interessada em uma criança pequena.
- Onde ela estar agora. – Xena grita com
ferocidade.
- Estar em minha casa segura, Octávio me ordens
expressas de protegê-la contra Lépido e seus sequazes. – fala desabafando.
Xena respira fundo, Gabrielle por sua vez
decide manter um pouco de ordem.
- Nos leve até ela, é muito importante vamos
escoltá-lo. – finaliza.
- Porque querem seqüestrar a filha de Octávio!
Leve-me como refém ela é só um bebê. –ele parece ganhar coragem diante delas na
defesa da pequena Eva.
- Seqüestrar... – de novo Xena o agarra pela
gola, sendo impedida, porém por Gabrielle que atenta compreende o mal entendido
que estar acontecendo.
- Não queremos seqüestrá-la – a poetisa fala
com calma – Eva é filha de Xena que Octávio protege.
O homem fica estarrecido diante da narrativa
das duas mulheres que logo se torna claro a posição de Octávio.
- Precisamos sair o mais rápido possível daqui.
–Xena mais calma entende e resolve ela mesma ir até os cavalos e os trás
puxando-os pela rédea. Gabrielle e Cassius esperam pela princesa guerreira que
rumina dentro de si toda a recém descoberta. Xena monta e convida Gabrielle a
se juntar a ela, enquanto Cassius monta sozinho no cavalo da poetisa.
Eles cavalgam por um bom tempo, deixando para
trás a estrada principal e buscando caminhos secundários, quando avistam de
longe uma linda casa cercada de flores variadas.
- Aquela é minha casa. –aponta Cassius em sua
direção.
Ele desmonta seguido de Xena e depois
Gabrielle.
– Irei
sozinho, pegarei a menina e a trarei para aqui. – ele anuncia sua decisão.
-Se tentar me trair, eu te caçarei. – ela deixa
bem claro com quem ele estar lidando.
- Não preocupe Xena, te dei minha palavra e a
honrarei. – fala olhando-a nos olhos, aperta as mãos da poetisa e parte para
sua missão.
- Xena vai dar tudo certo, logo teremos nossa
princesinha nos braços.
A princesa guerreira sorri e abraça a poetisa,
finalmente sua pequenina estará em seu regaço acolhedor.
O tempo passa e as duas sentem que algo saiu errado,
Cassius está demorando demais além do combinado, decididas partem em direção a
casa, chegam ao exato momento em que o seu aliado estar caído no chão e uma
poça de sangue se forma embaixo dele. Xena se abaixa junto com Gabrielle e levanta
a cabeça de Cassius do chão examinado seu ferimento que logo verifica ser
profundo, uma vez que o punhal ainda esta cravado nele.
- Homens... De Lépido... – fala com dificuldade
– eu tentei... – segura o braço de Xena
entregando-lhe algo, ela recebe e deposita nas mãos de Gabrielle – Eu tentei
protegê-la... Eu falhei me perdoe, salve-a... – finalmente a morte o alcança.
Xena sente a raiva e a tristeza invadirem sua
alma, agora Eva estava realmente em perigo, precisava urgentemente encontrá-la.
Gabrielle pressente o perigo e levanta a tempo de golpear um homem que se aproximava
pelas costas delas empunhando uma espada, ela bloqueia o ataque dele com o
braço estendido para frente em seguida aplica uma joelhada no estômago, porém
antes de finalizar Xena chega e aplica seu golpe de pressão no pescoço de seu
opositor.
- Bloqueie o fluxo de sangue para o seu cérebro.
– sua voz parece sombria.
- O que quer... Saber- o homem tenta desfazer a
pressão.
- Onde estar à garotinha! Diga logo ou morrerá
em questão de segundos. - friamente ela observa.
- Lépido... Lépido... A levou como barganha...
Contra Octávio... – sente sua vida se esvair, Xena apenas olha.
Gabrielle observa a sua amiga e com um toque em
seu braço direito a lembra de desfazer a pressão, que é prontamente obedecida
por Xena.
- Precisamos de um mapa para nos guiar, através
deste vale. – a princesa guerreira caminha pela casa agora vazia, vasculha
então o local, entra em um cômodo pequeno que parece mais com um escritório, e
logo acha o que procura. – Gabrielle temos uma batalha para travar.
- Eu sei Xena, é hora de fazer justiça – as
duas se entreolham por alguns instantes, suas mãos se tocam e um clima de
ternura aliviar a tensão do momento. Xena se afasta repentinamente tomando das
mãos da poetisa o que Cassius depositou em suas mãos.
Mais uma vez elas partem
sem Eva, a procura parece não ter fim prolongando sua agonia, Xena sabe que
mais do que nunca terá que se concentrar para achar sua filha pequena.
A colina parecia tão distante agora se tornava
cada vez menor à medida que se aproximavam. Vistam de longe duas sentinelas
romanas com o arco apoiado sobre os joelhos e em uma animada conversa. Soltando
os cavalos, elas fazem um desvio de trajeto e visualizam a cabana do
comandante.
- Octávio só pode estar ali. – conclui Xena
observando todo o movimento do acampamento.
- Como faremos então, não será tão fácil, como
foi com Lépido. – Gabrielle pondera a situação imediata.
- Me siga. – Xena se arrasta pelos rochedos, e
dando mais uma vez a volta acha um local menos protegido, golpeia o soldado com
aponta da espada e adentra a cabana de Octávio.
Ela o encontra sozinho sentado em sua cadeira
nada acolchoada debruçado, sobre a mesa, lotada de mapas com marcas de
estratégias militares. Ela se aproxima dele por trás e o agarra aplicando uma
chave de pescoço, ele sente uma dor lancinante, porém não luta para se
defender, pois a sua frente estar Gabrielle e percebe quem o estar sufocando.
- Vou matá-lo por deixar minha filha em perigo–
a princesa guerreira vocifera as palavras como uma leoa a procura de seus
filhotes.
Gabrielle impassível assiste a cena dando
cobertura para sua parceira.
- Se me soltar... Poderemos, conversar. – ele
suplica o seu algoz.
Xena então afrouxa o braço em volta do pescoço
do sufocado que sente imediatamente o alivio, ela se afasta e fica de frente
para ele, que se levanta indo em sua direção.
- Ela não estar em perigo, estar com meu amigo
e tribuno Cassius... – Xena vai pra cima dele tapando sua boca.
- Seu amigo, Cassius está morto. – fala com
raiva daquele homem a quem confiou a vida de sua filha.
- Não pode ser ninguém sabe da existência de
Eva, ninguém... A não ser que... – ele pensa refletindo – A não ser que o
famigerado do Lépido tenha descoberto, só não sei como.
- Ele estar se preparado agora para enfrentá-lo
em duas frentes de batalha talvez até com uma terceira. – vai até a mesa com os
mapas e traça outra estratégia de batalha. – Se enfrentá-lo em pé de igualdade
vai perder a batalha feio, e a vida de Eva estará por um fio.
Os três se juntam avaliando os prós e os contra
de enfrentar Lépido em uma batalha aberta, ele chama seu subcomandante que
depressa se apresenta a Octávio.
- Xena, Gabrielle esse é Marcus Fluvius
Lexintus, meu subcomandante. Faz a
apresentação com orgulho.
Marcus as cumprimenta com o costumeiro aperto
de mão, olhando longamente para a princesa guerreira admirando não só sua
beleza, como também sua forma de guerreira. Ela, porém não dar espaço pra ele,
mantendo o foco apenas na estratégia que irá utilizar contra seu inimigo mais
forte.
- Enfrentaremos Lépido aqui e aqui – fala
apontando para as marcas no mapa.
- Diga para seus homens estarem prontos - Xena
deixa claro que a batalha será eminente.
- Muito bem, vou posicionar as tropas como
ordenado - sai da cabana às pressas, pois sabe que o inimigo se aproxima
sorrateiramente.
- Logo terá Eva... Eu lhe prometo. – de frente
para as duas faz a solene promessa – Eu prometo com minha vida.
De repente um alvoroço se instala por todo o
acampamento, flechas incendiárias voam por todos os lados, o terror parece
tomar conta de todos. Xena, Gabrielle e Octávio saem da cabana e colocam ordem
no local aos gritos.
- Homens, homens, homens se agrupem agora –
ouvindo os gritos de seu comandante uma reação surge e os soldados novamente
procuram seu lugar na eminente batalha, todos correm para seu posto por todos
os lados homens se posicionam, a guerra esta mais que declarada.
Xena então coloca seu plano em ação com a ajuda
de Gabrielle, montando um cavalo, abre espaço por entre seus inimigos romanos
derrubando-os um por um com sua espada a fileira dos romanos logo cai e uma
brecha se faz. Ela abandona seu cavalo e com seu grito de guerra salta caindo
no meio dos soldados, atraindo para si a atenção de Lépido que não resiste e
decide enfrentá-la, pois sabe que o apoio de Otávio estar nela, derrotando-a
acaba de uma vez por todas com seu inimigo.
A batalha então se inicia Xena se defende do
golpe de Lépido com a espada para cima bloqueando seu fraco ataque, ela
contra-ataca avançando contra ele com força total que sente o golpe mais chuta
o flanco de Xena contra-golpeando, ela gira a espada no ar duas vezes e sorri
diante do desafio, avança contra seu inimigo golpeando seus ataques frontais,
então aplica dois chutes frontais sendo o terceiro ela aproveita e dar uma
voadora acertando-lhe o rosto, ele logo tomba e com um simples soco em seu
nariz ele cai Xena dar a luta por encerrada e deixa para trás seu oponente,
Lépido, porém não desiste se levanta e tenta cravar em suas costas um punhal a
princesa guerreira percebe o perigo se esquiva do golpe cravando em Lépido sua
espada abaixo do umbigo, retira a espada e aguarda na bainha, caminha com
firmeza na direção da cabana do comandante ela entra e vê sua alegria, Eva
finalmente estar salva, nos braços de Gaby. Seu coração bate tão forte que
parece sair pela boca. De seus olhos brotam lágrimas, Xena se agacha para
receber em seus braços a sua pequenina.
- Mã... mã ...mã – a pequena é levada andando
pelas mãos de Gabrielle deixando-a nos braços da mãe que a recebe em seu regaço
há muito tempo vazio.
Xena outra vez está completa, a mãe e a sua
filha, ela convida também Gabrielle para participar daquela felicidade que
parece explodir seu coração. As três juntas, outra vez, HÁ MAIOR FELICIDADE QUE
ESSA?
FIM
Não sei como
dizer o que sinto agora
Só sei que
preciso de você
Tu vias a minha aura quando
Tu vias a minha aura quando
Eu ainda
estava no escuro
Em minha própria solidão
Em minha própria solidão
Mas nada disso
te incomodou.
Tu vives no meu pensamento constantemente
Eu falo contigo, sem palavras
Encontras-me e eu te encontrei.
Foi este brilho em teus olhos
Tu vives no meu pensamento constantemente
Eu falo contigo, sem palavras
Encontras-me e eu te encontrei.
Foi este brilho em teus olhos
Que me atraiu,
Um beijo de teus lábios eu provei,
Um beijo de teus lábios eu provei,
Descobri então o
sentido da felicidade.