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FanFic - I'll Never Leave You - Capítulo XIII





por Caroline Pessoa






Capitulo XII






                        As amazonas estavam de luto. Muitas irmãs foram perdidas. Uma grande pira fora acesa no meio do vilarejo com vários corpos. Algumas mulheres fizeram um círculo em volta da fogueira, para dançarem ritos fúnebres para suas mortas. Aquilo era um sinal de respeito e dor.

                        Hélade olhava hipnotizada para os corpos que ainda queimavam. O calor que irradiava do fogo era insuportável, mas mesmo assim, permanecera ali. Olhando. Lágrimas escorriam de sua face torturada, não escondia a dor que sentia, por que amigas queridas, guerreiras valentes e seres humanos insubstituíveis deixavam suas existências apenas na mente daquelas que ficaram.
                        Xena aproximou-se e colocou a mão no ombro dela.
                        - Obrigada por tudo – disse em tom de desculpas – nada disso teria acontecido se eu não tivesse atravessado o caminho de vocês.
                        - Não se torture Xena – disse ela fitando a pira – essa guerra não fora culpa sua. Eles estavam tentando nos escravizar... Nós reagimos. Além do mais, queríamos te ajudar, por que você sempre foi leal às amazonas.
                        Xena apertou carinhosamente o ombro de Hélade.
                        - Eu sinto muito pelas perdas – disse pesarosa.
                        Hélade apenas acenou com a cabeça positivamente em um gesto de agradecimento. Xena olhou a pira e sentiu falta de ar em pensar que Gabrielle poderia estar ali também. Suas pernas tremeram de alívio por saber que ela estava segura sob seus cuidados e fora de perigo. Sentiu-se egoísta, mas não pôde negar a sensação de felicidade por tê-la de volta. Contudo, era claro que seu coração estava contorcido de culpa por tantas vidas terem-se perdido. Xena sabia que parte da culpa era dela, por ter levado tantas guerreiras à morte. A única coisa que podia fazer era agradecer e esperar que as amazonas encontrassem um lugar de paz para viverem a nova vida.
                        Xena deixou Hélade a sós para voltar à tenda. A noite ia alta e sentiu fome, pegou o resto do pão e das frutas, sentando-se para comer e assistir Gabrielle adormecida. Ela ainda estava muito frágil, mas era uma questão de tempo até seu corpo se curar. A própria Xena sentia a rigidez dos músculos e as dores em cada centímetro dela. Algumas escoriações mais profundas latejavam, porém ela não lhes deu atenção. Só queria ficar ali, em silêncio, refletindo sua vida enquanto observava Gabrielle.
                       Depois que terminou de comer, Xena deitou-se, mas não conseguiu dormir, por que as cenas estavam vivas demais para deixa-la em paz. Ficou apenas calada, olhando para o teto. Sentiu frio e perguntou-se se era justo com Gabrielle deixa-la correr perigo estando ao seu lado. Logo afastou o pensamento, por que muito de sua vida devia a ela de muitas formas diferentes. Estavam ligadas e ninguém poderia destruir aquilo. Mesmo que morressem estariam juntas de qualquer forma.
                       - Não... Não... Não! – Gabrielle acordou assustada fazendo Xena pular – Xena! – Falou ofegante ainda deitada.
                       Imediatamente Xena postou-se do lado dela.
                       - Pesadelos? – Perguntou segurando-lhe a mão.
                       Gabrielle tinha círculos arroxeados nos olhos, assim como a amiga. Diminuiu a respiração sentindo agulhadas.
                       - Está tudo bem... – Xena tentou acalmá-la.
                       - Não vá embora... – o choro sufocou as outras palavras.
                       Xena olhou-a penalizada abraçando-a.
                       - Calma... – afagou-lhe o rosto – calma... Não irei embora e ninguém irá tocá-la, eu prometo. – Sentiu medo da própria promessa. Soltou-a para olhá-la nos olhos.
                       - Não vá embora... – Gabrielle pediu.
                       - Jamais...
                       Gabrielle olhava a amiga tão profundamente que sentiu conforto no azul metálico de seus olhos. O amor que sentiam as deixava emudecidas. Gabrielle afagou o rosto de Xena – em seu pesadelo elas estavam crucificadas. Não podia viver sem aquela pessoa que lhe ensinara tanto sobre a vida, além de sempre ter estado ao seu lado cuidando, ajudando-a, amando-a e sendo parte de sua família há tanto tempo.
                        Puxou a face de Xena para perto de seu rosto para crer que ela estava ali, intacta, viva. Seus rostos estavam ainda mais próximos, de modo que uma podia sentir a respiração da outra. Elas encostaram as testas contemplando-se. Deixavam-se aliviar do medo. A companhia uma da outra inspirava proteção.
                        - Xena... – ela sussurrou.
                        Gabrielle encostou os lábios nos de Xena, apenas roçando-os. Sentiu a calma que a amiga emanava, o calor humano e o amor incondicional que unia suas almas. Demoraram-se naquele contato por um tempo que não souberam precisar.
                        Gabrielle afagou a face dela. Com a ponta dos dedos desenhava o nariz, passeava pelas maçãs do rosto e acompanhou as linhas da boca e do queixo. Olharam-se. Xena entrelaçou a mão na de Gabrielle.
                        - Xena... – Gabrielle suspirou ainda colada nos lábios dela.
                        - Eu te amo... – Xena respondeu sussurrando.
                        - Eu também te amo... – Gabrielle disse acariciando-lhe o rosto.
                        Gabrielle apenas repuxou os lábios da outra delicadamente. Um beijo tímido. Não sabiam o que aquilo significava, apenas sentiam em sintonia. Deixavam apenas que as mãos tocassem ambos os rostos, sendo levadas pelo turbilhão que as envolvia. E a cada movimento de maciez dos lábios, afogavam-se ainda mais naquele mistério de sentimentos e sensações. Os doces hálitos embriagavam-nas, arrancando profundos suspiros.
                        Não pensaram, não quiseram falar. Ambos os lábios procuravam-se; experimentavam-se; mergulhavam-se. Permitiam somente que aquele beijo fosse a resposta para suas perguntas e o conforto para suas dores.
                        Xena parou para contemplar o semblante manso de Gabrielle sem retirar a mão daquele rosto azul de paz fazendo círculos de leve na testa, nas maçãs do rosto até chegar aos lábios, focando neles.
                        Suspiraram juntas. Ela encaixou a mão na nuca de Gabrielle, puxando-a delicadamente para beija-la novamente. Lento, delicado, macio e quente. Os lábios de Gabrielle arrancavam tremores no íntimo de Xena.
                        O gelo caia de leve dentro delas, fazendo-as tremer por dentro e por fora. Quem no mundo poderia dizer o porquê? Não importava. Estavam ali para ampararem-se sempre. Enfrentariam todos os perigos com a força que residia dentro de seus corações. A coragem de uma era alimentada pela força da outra. A força de uma vinha do olhar da outra.
                        Os corpos uniam-se, de modo que uma podia sentir as pancadas do coração da outra. Paravam o beijo para olharem-se.
                        - Kátharsis... 5 – sussurrou Gabrielle de olhos fechados experimentando a sensação. - Você é a melhor parte de mim Xena – disse encostando de leve os lábios nos de Xena.
                        - Você também representa o meu melhor – ela respondeu num sorriso colado na boca da outra.
                        Um beijo preguiçoso as envolvia. Movimentavam os rostos, as mãos tocavam-se, apertavam-se uma contra a outra com leveza. Os corações de ambas inchavam e dissolviam-se em bolhas, assim como a prazerosa sensação gélida que percorria os corpos.
                        Ainda estavam cansadas e adormeceram com os lábios colados uma na outra. Afundaram em um sono sem sonhos, mas tranquilo. Xena acorda momentaneamente e aconchega Gabrielle em seu seio, aspirando o perfume do cabelo dela. Voltou a descansar em paz, depois de dias tão turbulentos. Dormiram no embalo das respirações, do conforto de estarem abraçadas e protegidas uma pela outra.
                        O dia amanheceu pálido e em luto. As amazonas ainda sentiam pelas perdas irreparáveis e ficariam assim por muito tempo. Mas aquela não seria nem a primeira nem a última vez que lutariam pela sobrevivência de seu povo, de seus costumes e ideais. Antes de tudo, eram mulheres de fibra que vinham provando seu valor a todo custo em um mundo tão violentamente liderado por homens.
                        Xena e Gabrielle permaneceram alguns dias no vilarejo das amazonas, por causa dos ferimentos de Gabrielle que ainda estava em processo de recuperação. Durante os dias que ficaram as curandeiras da tribo cuidavam de Gabrielle com orações aos espíritos da floresta e invocações a Ártemis, deusa das amazonas.
                        Em uma noite de lua cheia, Ártemis visitou a tenda de Gabrielle e Xena. Todos estavam dormindo.
                        A deusa com sua aura perolada veio à tribo atendendo às curandeiras que tanto pediam pela recuperação da enferma. Ártemis olhava Gabrielle adormecida agarrada à Xena.
                        A deusa enxergava o coração e a alma de Gabrielle.
                        - Menina pura... – disse Ártemis sem que ninguém pudesse ouvi-la.
                        Ares materializou-se.
                        - O que faz aqui? – Disse Ártemis visivelmente irritada pela aparição daquele que tentara destruir suas protegidas.
                        Ele sorriu.
                        - O mesmo que você – rebateu.
                        - Tenho certeza que não. – Disse ela sem olhá-lo ainda. – Veio tripudiar de mim novamente?
                        Ele coçou o cavanhaque procurando Xena com os olhos. Ela estava profundamente adormecida e não sentiria a presença dele.
                        - Na verdade... Eu me importo com uma delas em especial – disse baixo e grave acariciando o rosto de Xena.
                        - Oh sim, além do seu ego, você ama alguém além de si mesmo tio? – Disse ironizando.
                        Ele não respondeu, tentando entender a si mesmo. Não sabia nem o por quê de estar ali, só sentia que deveria. Não era humano, mas a mesma força que o movia também movia a humanidade. Amor.
                        - Não deixarei que ninguém mais destrua aquilo que amo – uma lágrima de luz e prata escorreu-lhe pela face. Lembrou-se de seu amado Orion destruído por seu irmão Apolo. – Todas as noites ele brilha lá de cima para mim...
                        Ares pegou uma mecha do cabelo de Xena.
                        - Pode ser que não creia em minhas palavras, mas o que fiz... Foi por amor.
                        - Acha que tens o direito de destruir vidas inocentes e mexer no destino alheio por caprichos? – Disparou fria – O senhor não sabe o que é amor...
                        Ela o encarou. Ele não respondeu, contrariado.
                        - Luto com as armas que tenho – disse encarando a face mansa de Xena. – Ainda vou tê-la ao meu lado...
                        - Você jamais a terá. Não é a você que ela pertence... – Ártemis disse voltando-se para Gabrielle. – O destino de Xena será cumprido ao lado de Gabrielle... Se você a ama, então vai deixa-la seguir em paz.
                        Ares suspirou pesado. Não conseguia compreender a essência das palavras de Ártemis.
                        - Eu queria que ela fosse minha rainha... – falou como se estivesse monologando e desapareceu em seguida.
                        - Deveria preocupar-se em consertar os estragos provocados na vida dessas pessoas – Ártemis disse, sabendo que era em vão. Esqueceu-se de Ares e voltou-se para observar Gabrielle.
                        Estendeu sua mão sobre o corpo quebradiço da moça loira. Uma luz prateada invadiu Gabrielle, envolvendo-a em luz e curando suas feridas. Os ossos da costela e do braço colaram-se como se nunca tivessem sido partidos. As longas manchas roxas, os cortes profundos tornaram-se invisíveis.
                        Agora ela apenas dormia inerte, sem ter a consciência que seu corpo não lutava mais para curar-se.
                        Ártemis aproximou-se de Xena que dormia ao lado de Gabrielle e curou-a também. Só não conseguiu curar suas dores internas, entretanto tentou ajuda-la da melhor forma que podia. Sabia que o resto só o tempo e o amor curariam.
                        Naquela noite Ártemis despiu seu manto de deusa para vestir a humanidade que lhe dominava a essência. Estendeu sua luz prata para curar suas amazonas e depois desapareceu, como se nunca tivesse tocado aquele chão. Eternamente, seria a protetora daquela pena nação. Enquanto o mundo caminhasse, estaria ali invisivelmente para atendê-las em seus chamados. Durante a noite, olharia para o céu em busca de seu amado Orion e choraria a saudade que vivia nela.

5 ARISTÓTELES. Catarse. Efeito visceral das emoções. 



Não Perca! Último Capítulo - Segunda- feira


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